domingo, 5 de dezembro de 2010

Análise - A Rede Social

"You don't get to 500 million friends without making a few enemies".

Dirigido pelo excelente David Fincher, "A Rede Social" mostra desde seu início a criação da rede social Facebook e como Mark Zuckerberg se tornou o bilionário mais jovem do mundo.

O filme é, no mínimo, irônico. Mark, que conecta milhares de pessoas através do facebook, é uma pessoa extremamente só e que teria dificuldades em nomear um verdadeiro amigo.

*****************

A primeira cena do filme é o término do namoro de Mark, e logo aí somos apresentados ao gênio solitário e prepotente que após levar um fora da namorada corre para seu dormitório em busca de redenção e vingança, combinação esta que seria o pontapé inicial para a idéia que o tornaria bilionário. Motivado por rancor e algumas bebidas ele cria o facematch.com, um site com centenas de fotos hackiadas de bancos de dados de diversas redes, onde você pode escolher a menina mais bonita. E em meio ao caos que ele incita com o site, que em poucas horas gera 22.000 visitas, Mark escreve posts rancorosos sobre como sua ex-namorada é uma idiota e tem seios pequenos.

E aos poucos o filme se mostra tanto uma biografia do jovem astro e como uma busca por um lugar comum. A fita varia entre flashbacks sobre a criação da rede social, o processo jurídico dos irmãos gêmeos e o presente, onde Mark está sendo processado por Eduardo Saverin, seu "único amigo", como o próprio se proclama.


"Todo mito da criação precisa de um diabo", diz uma advogada a Mark durante o filme.

Estar conectado é uma realidade no mundo de hoje. E o Facebook é exatamente sobre isso, quantos de vocês não estão com uma janela da rede social aberta neste exato momento enquanto lêem este post? O filme anda em dois sentidos diferentes. Em um primeiro momento Mark Zuckerberg é demais, tem tudo que sempre quis e está prestes a conquistar o mundo. Visionário e insolente. Certamente a pessoa mais feliz de todo o planeta. Porém conforme o filme avança esta visão se distorce e projetamos um novo Mark, sozinho e triste. Enquanto todos se divertem na festa de um milhão de membros do facebook lá está ele, no escritório vazio, perdido e indefeso diante das pessoas e do mundo que o cerca.

*****************

Jesse Eisenberg, que interpreta Mark Zuckerberg, deixou de ser uma ótima surpresa em filmes para se tornar um verdadeiro astro. Mas uma boa atuação, que apesar de não ter exigido muito foi bem feita. O mesmo se aplica a Andrew Garfield, que teve um papel importante na pele de Eduardo Saverin e foi muito bem, talvez até roubando um pouco a cena de Jesse. E a grande surpresa foi a boa performance de Justin Timberlake, deste eu realmente não esperava nada; talvez tenha sido por isso.

"A Rede Social" é bem feito e tem uma trilha sonora perfeita, dissonante e moderna, e não podia ser diferente uma vez que o tema central de tudo é o facebook; e acima de tudo, não podíamos esperar menos de um filme dirigido pelo David Fincher. O roteiro, que foge um pouco da real história da criação do site, é interessante e legalzinho, convence sem cansar. Segundo Mark, ele nunca teve a tal namorada do começo do filme, e está com a mesma namorada desde antes do facebook.

Um bom filme para se passar o tempo e matar a curiosidade sobre o personagem  que é Mark Zuckerberg e sobre a rede social mais usada no mundo.

Até mais.

sábado, 27 de novembro de 2010

Direção: David Yates
Roteiro: Steve Kloves


Após seis filmes que variaram entre o lastimável e razoável finalmente nós fãs de Harry Potter, que acompanhamos todos os livros, choramos com a morte do Sirius, odiamos a megera Umbridge e torcemos pela Grifinória em cada jogo de quadribol, pudemos sair do cinema após uma sessão do filme, respirar fundo e pensar: valeu a pena.

Ao contrário de todos os antecessores "Relíquias  da Morte" é idêntico ao livro, claro que uma parte ou outra saiu diferente, algumas mudanças totalmente desnecessárias, mas no geral mudanças estrondosamente aquém do que estamos acostumados na franquia.

****************

Harry, Rony e Hermione tem uma missão que não podem compartilhar com ninguém. Encontrar as Horcruxes, pedaços da alma de Você-Sabe-Quem, e destruir cada uma. Como destruí-las e aonde procurá-las? Estas são perguntas cujas respostas eles gostariam de ter. Sem a proteção de Dumbledore e com o mundo bruxo a mercê de Voldemort nem mesmo Hogwarts foi capaz de resistir ao comensais da morte. E como a trama sugere este filme tem um tom bem mais sombrio do que estamos acostumados a ver nos filmes da franquia Harry Potter.

Harry estar prestes de chegar a maioridade e então estará livre do rastreador, que o mantém sob os olhos do ministério da magia, logo sob os olhos de Voldermort e seus comensais. O problema de ser maior de idade é que com isso a proteção mágica de sua mãe também cederá e a casa dos Dursley já não será um lugar seguro para ninguém.

Dumbledore treinou Harry durante seis anos para aquele momento. Porém o garoto mal tinha consciência do que estava por vir junto a sua busca pelas horcruxes. Hogwarts é passado e o futuro depende dele e de seus amigos. Finalizar a missão que Dumbledore lhe concedeu é a última esperança, mesmo com todas as dúvidas que surgirão e com a desconfiança que cresce a medida que Harry descobre cada vez mais do passado nem tão claro do tutor.

**********************************

O filme isoladamente não é um grande objeto de entretenimento. Porém como parte de um todo é a abertura perfeita para o verdadeiro último filme que trará toda a ação do livro e fecha um ciclo de sete livros e oito filmes. Se você não leu todos os livros certamente se surpreenderá com a importância de alguns personagens como Dobby e Mundungo que sempre tiveram papéis importantes nos livros mas que foram totalmente esquecidos pelas adaptações cinematográficas. Por isso aos mais leigos em HP suas aparições em momentos críticos devem parecer mais capricho do que fidelidade.

David Yates deu um jeito em Harry Potter, que capengava após o quarto filme, um dos piores que tive o prazer de assistir. A partir de sua direção em "A Ordem da Fênix" a franquia mostrou que bem dirigida podia ir longe. Com ambientes mais sombrios e temas mais adultos as cenas passaram de brincadeiras baseadas em um livro infanto-juvenil para um filme que realmente mexia com o espectador, com suas emoções e suas sensações. A trilha sonora e fotografia são shows a parte e por si só valem o ingresso. Colorido em algumas cenas, monocromático em outros o filme nos guia por florestas e cidades com naturalidade e grandiosidade. E quando eu digo que esta trilha sonora é ótima não é brincadeira. Alexandre Desplat consegue com sua trilha tirar de nossas cabeças aquelas músicas fantasiosas e em alguns momentos infantis que rechearam os filmes de Harry Potter, trazendo algo mais adulto ao filme. Um trailer da trilha sonora você pode conferir aqui. Vale a pena clicar assim que terminar de ler o post!

A dinâmica deste filme também é muito diferente do que estamos acostumados. Não vemos Harry, Rony e Hermione estudando poções e defesa contra as artes das trevas enquanto nos intervalos combatem Lord Voldemort. Desde o começo os três amigos estão no mundo real, longe de barreiras mágicas e professores, lidando com novas decepções que não uma nota ruim n'um trabalho de adivinhação.  E esta fita foca muito mais a história e prepara o terreno para a grande batalha final do que mostra cenas de ação e combates. O que pode frustar alguns fãs da franquia hollywoodiana que não tem como base a história de J.K. Rowling.

****************

Um bom começo para a parte dois de "Relíquias da Morte", que em julho do ano que vem deve se tornar o melhor filme da franquia, aí sim, finalmente marcando o final de Harry Potter.

Quando terminei de ler o último livro em 2007 ainda havia o consolo de que outros filmes chegariam e preencheriam o vazio deixado na última página de "Harry Potter e as Relíquias da Morte". Mas e agora?

A morte é apenas uma travessia do mundo, tal como os amigos que atravessam o mar e permanecem vivos uns nos outros. Porque sentem necessidade de estar presentes, para amar e viver o que é onipresente. Nesse espelho divino vêem-se face a face; e sua conversa é livre e pura. Este é o consolo dos amigos e embora se diga que morrem, sua amizade e convívio estão, no melhor sentido, sempre presentes, porque são imortais.
William Penn, More Fruits of Solitude 

Até mais.

domingo, 14 de novembro de 2010

Análise - Tropa de Elite 2

Nossa.. não fosse a data da última postagem eu nem me lembraria quando foi a última vez que escrevi aqui. Devo isso a faculdade e ao trabalho que vêm consumindo todos os minutos e segundos da minha preciosa vida, mas enfim... tenho mais uma semana de aulas na faculdade, só de provas, e se passar, estarei formado e ganharei muito tempo para fazer tudo que não venho fazendo. Agora eu deveria estar estudando pagamentos internacionais, mas este post está em edição há um mês, vamos terminar...

Direção: José Padilha
Roteiro: Bráulio Mantovani

-----------------

Em 2010 o Capitão Nascimento tem um novo inimigo, as favelas do Rio de Janeiro não estão mais inundadas de drogas e traficantes, mas sim de policiais corruptos, o grande vilão deste filme são as Milicias e o próprio sistema.

Com alguns bons planos, ótimos diálogos e (mais) uma interpretação magnífica do incontestável Wagner Moura, "Tropa de Elite 2" é o must see nacional deste ano, ao lado de outros ótimos títulos como "As melhores coisas do mundo".

"Qualquer semelhança com a realidade é apenas uma coincidência. Essa é uma obra de ficção".

Se é assim, então está bem. Certo?


O filme se passa dez anos após o fim do primeiro filme, quando nascimento é deixado por sua esposa e com isso sua luta para sair do esquadrão se encerra, dando lugar ao conformismo. Logo no início do filme o diretor José Padilha e o roteirista Bráulio Mantovani nos mostram uma ação realizado no presídio Bangu I pelo BOPE, que acabou com a morte de inúmeros presidiários e trouxe péssimas repercussões políticas; e por isso o Coronel Nascimento e o Capitão Mathias, os dois encarregados pela ação são punidos, porém de maneiras distintas. Mathias é expulso do BOPE, e Nascimento é promovido a Sub-secretário de Inteligência do Estado. Estranho, não? Porém eficaz, ambos estavam fora do BOPE que era exatamente o que o Governador do Rio de Janeiro queria. Porém em seu novo cargo Nascimento transforma o esquadrão caveira, que passa de uma divisão abandonada para uma máquina de guerra contra o tráfico de drogas, com direito a helicópteros e tudo mais. 


O Capitão Nascimento foi um dos personagens mais interessantes que tive a oportunidade de ver na história recente do cinema nacional, denso e pesado, porém um ser humano, fascista ou não, ai é uma questão de opinião; conseguimos perceber (muito disso pela ótima atuação de Wagner Moura) um pai perdido e que ama seu filho, que sente a perda da mulher e que procura a todo custo uma válvula de escape, um lugar seguro onde pode viver sua vida, e o lugar seguro para ele são os morros, as incursões às favelas e a tensão diária da vida de um policial.

E a frente desta máquina de guerra o Sub-secretário Nascimento limpa as favelas, o tráfico inexiste e passa a uma realidade passada nas favelas do RJ, porém a sensação de dever cumprido começa a se extinguir no momento que Nascimento se vê a frente de um novo inimigo, muito mais inteligente, muito mais influente e que até o momento ele nunca havia precisado enfrentar, políticos corruptos e milícias.

Um filme profundo que mostra um novo Nascimento, desde a relação paternal com seu filho às conversas frias com sua ex-mulher, até mesmo uma pitada de ciúmes de seu novo marido, com quem ele tem uma estranha relação que durante o filme passa de ódio mútuo à necessidade mútua.

*************

O filme é a sequência perfeita, tão sútil quando uma metralhadora, a história passa para outro nível neste segundo filme, enquanto no primeiro víamos Nascimento sempre em sua farda preta, um verdadeiro algoz subindo os morros da favela, então pensávamos que estava tudo bem, ele havia chego e todo o mal se dissiparia. Em contrapartida, este segundo filme apresenta um novo Nascimento, engravatado, acuado em meio aos verdadeiros inimigos, no topo daquele edifício, que poderia bem ser um presidio, tanto são os criminosos que lá estão.

Se o medo de o segundo filme não corresponder as expectativas do público devido ao sucesso do primeiro filme existia, agora inexiste. Uma direção quase impecável e um roteiro bem escrito, cheio de frases de efeito, que foi um dos motivos do sucesso do primeiro filme, "Tropa de Elite 2" vai além quando pensamos em filmes nacionais, e ainda mais quando segmentamos o gênero ação.

A idéia do segundo filme vai na contramão do primeiro. Não vamos mostrar a sociedade que se afunda em drogas e no desespero, mas o sistema que a molda.

Se há ainda na sociedade a capacidade de extrair coisas boas da arte e cultura e de se sentar no sofá ao fim de um longo dia e refletir sobre o mundo e sobre as pessoas, há nessas pessoas um pouco do espírito de "Tropa de Elite 2".

Até mais, certamente menos de quatro meses.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Um dos filmes mais esperados do ano é "Tropa de Elite 2". Seu antecessor de 2007 foi um verdadeiro caos, tanto cinematográficamente quanto culturalmente, foi uma revolução no modo de se fazer cinema no Brasil e um passo a frente no modo como assistimos um filme, enfim... bom ou ruim não é a questão, gostar ou não é uma opção, mas é inegável que a fita tem um algo a mais, um quê de classicismo dispensado e um outro de filme nacional padrão.


Dito isto, vamos falar um pouco sobre "Rota Comando", o filme sobre a Tropa de elite de São Paulo, um dos piores filmes que já vi na minha curta vida, ou seria longa vida? Questão de ponto de vista.

O cinema nada mais é do que a degustação dos sentimentos que um determinado filme proporciona, e com os dois filmes objetos do post pude presenciar distintas emoções. Com "Tropa de Elite" me senti chocado, desafiado e quando a fita finalmente acaba mau consigo respirar, com medo de que minha respiração perplexa e arrastada pudesse me fazer perder algum momento importante ao qual eu nunca mais teria acesso (a não ser que voltasse o filme!). Ahhh, como é bom assistir à um filme e sentir-se assim, não estou comparando, mas um dos últimos filmes que me provocou tanto assim foi o ótimo "A Ilha do medo", já comentado no blog. Como eu ia dizendo, é muito bom assistir um filme que lhe provoque as mais diversas sensações, um filme cuja fotografia é magistral e mesmo assim consegue passar despercebida perante a grandiosidade do todo, não dá para apenas dizer, a fotografia é boa, muitos podem achar que passou dos limites, mas para o cinema os limites inexistem, ao contrário das pessoas.

Bom.. acho que deu para entender que gostei de "Tropa de Elite", não deu? Mas e "Rota Comando"? O que posso dizer é que quando o filme acabou, suas mais de 2 horas, me senti chocado também e não puder conter algumas risadas e uma sensação incômoda de que eu havia perdido algumas horas preciosas que eu nunca mais teria de volta, mas para saber se algo vale a pena ou não só assistindo, certo?

****

Lá estava eu, andando na locadora em meio a milhares de opções, quando o tal "Rota Comando" me chama a atenção, um filme independente (mais liberdade, porém menos verba) sobre a Rota, impossível conter os flashes de "Tropa de Elite" na minha cabeça, resolvi dar uma chance, já haviam me falado sobre algumas cenas, que eram fortes e tudo mais... Não me lembro muito bem de quem me disse isso, mas essa pessoa é, no mínimo, uma fanfarrona. Filme chato, sem história, sem verba, sem atores e lotados de clichês mal feitos.

Uma vez me disseram que a narração no cinema é fruto da preguiça de roteiristas, que não conseguem dizer as coisas através de cenas e atos e apenas fazem um personagem qualquer narrar uma idéia central; nunca acreditei nisso, acredito que há narrações e narrações, "Tropa de Elite" não seria o mesmo sem a voz úmida e grave do Capitão Nascimento narrando algumas de suas cenas e pensamentos, o mesmo se aplica para "Zumbilândia" (um dos melhores filmes que vi neste ano), como ensinar as regras de sobrevivência sem uma narrativa? Narrativas são envolventes se bem feitas. Mas como eu disse, há narrações e "narrações, e o que vi em "Rota Comando" foi uma das piores que já vi, sem sentido e sem um fim plausível, atrapalharam o filme, não ajudaram nem um pouco na compreensão da história, preciso dizer que este roteirista não era preguiçoso, apenas ruim.

Mas o que "Tropa de Elite" tem que "Rota Comando" não tem? Uma música boa (só para começar?).

Chegou a Tropa de Elite, osso duro de roer
Pega um pega geral, e também vai pegar você
Tropa de Elite, osso duro de roer
Pega um pega geral, e também vai pegar você

Chega pra lá, chega pra lá
Tô chegando e vou passar
Cheguei de repente, vai ser diferente
Sai da minha frente
Sai da minha frente meu irmão, não
Não vem com isso não
Tô chegando é de ladrão
Porque quando eu pego eu levo na mão
Não mando recado vou na contramão

E agora...

Matar ou Morrer
Matar ou Morrer
Quando os homens disparam
Matar ou Morrer
Matar ou Morrer
Os anjos se calam

Rota Comando agora
A morte está rondando

"Mão na cabeça filho da puta!"

Os homens disparam
Matar ou Morrer
Matar ou Morrer
Os anjos se calam

Eu, particularmente, gostava do Paulo Ricardo (no RPM), mas esta música do filma da Rota lembrou mais o BBB do que remeteu à ótima canção do Tihuana e ao filme do Bope.


Até agora eu me pergunto quem era realmente o protagonista de "Rota Comando", você sabe? A fita apresenta uma infinidade de personagens, mas não se aprofunda em nenhum, a trama começa de um jeito e acaba de outro, e nem de longe tem uma grande performance como a de Wagner Moura e nem de muito longe tem uma presença e uma cara própria. 

****

Relendo algumas coisas que escrevi neste post pude perceber uma certa revolta, e acabei fazendo muito algo que não gosto muito, criticar um filme tendo outro como base, peço desculpas, mas não é possível não traçar um paralelo entre os dois filmes, principalmente quando a intenção de um copiar e tirar uma lasca do sucesso do outro é escandalosamente nítida. 

Chato e indigno de uma análise complexa, não é necessário muito senso crítico para desgostar de "Rota Comando", esta é a minha opinião.

Vou parar o post por aqui, melhor.

"Tropa de Elite 2" estréia em outubro, tenho certeza que vou me decepcionar com ele (não porque ele será ruim, mas minha expectativa já está muito grande para ser correspondida), enquanto ele não estréia aconselho vocês a não assistirem "Rota Comando", se mesmo assim assistirem, bom... sempre vale a pena dar risada.

Até mais.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Análise - Um Olhar do Paraíso

Olá. Mais de um mês sem postar, eu sei. Mas a vida de trabalhador e estudante é um tanto quanto corrida.

Direção: Peter Jackson


Uns dias atrás fui a locadora e peguei "Um olhar do paraíso". Desde a época em que ele estava no cinema sinto um comichão para ver este filme, e no final das contas não foi nada demais. Mais uma vez culpa da minha expectativa? Ou será o filme abaixo do que o elenco e diretor insinuam?

A história:

A família Salmon é apenas mais uma. Tudo vai bem para eles, até o dia em que sua filha mais velha, Susie (Saoirse Ronan) é brutalmente assassinada e não há pistas do assassino. O pai começa uma corrida contra tudo e todos afim de encontrar o responsável pela sua perda, a mãe sem o consolo e o apoio do marido foge sabe-se lá para onde deixando os outros dois filhos com sua mãe e marido (ex-marido?). E enquanto as coisas desmoronam ao redor da família Salmon, a jovem Susie observa tudo de um estranho lugar, entre o céu e a terra. Ela está decidida a ajudar o pai a encontrar seu assassino, que vive logo na casa ao lado.

****

O filme bem feito, tem efeitos ótimos, uma trilha excepcional, a fotografia é digna de um Oscar, mas a história e a direção são cansativas. O modo como momentos cômicos e tensos são entrelaçados é ridículo, muito abaixo do diretor da trilogia "Senhor dos anéis". O roteiro tem uma certa pretensão mas falha muito e pouco conta durante as mais de duas horas de filme, que eu apenas aguentei devido a belíssima fotografia que é a melhor coisa deste filme. O diretor de fotografia, Andrew Lesnie, conseguiu com ótimos momentos nos transportar para algumas cenas, e ele acerta tanto no drama terreno quanto na segunda trama que se passa em um plano celestial.

A fita é recheada de clichês desde o começo "família feliz" até o final "trágico", o ponto alto do filme, tanto para o bem quanto para o mal é o assassino, Stanley Tucci. Um personagem mau escrito e com um perfil mais manjado que a bilheteria do Crepúsculo, mas que apesar disso foi representado de forma magistral por Stanley. E já que estamos falando de boas atuações, deixo um parabéns especial a jovem Saoirse, que fez um ótimo papel (mais uma vez), ela já havia participado do elenco de "Desejo e Reparação".

O filme faz de tudo para tirar sua própria credibilidade. Temos, por exemplo, uma cena em que Susie se queixa para sua avó sobre seu amor platônico, Ray, um garoto de sua escola, que segundo a própria "nem sequer sabe de sua existência. Tudo isso para cinco minutos depois vermos ele se declarando, do nada, para a garota (??????).

A forma como o assassinato de Susie acontece também é pouco digno de aplausos. A fita nos mostra um assassino meticuloso e inteligente que deixa milhares de rastros de seu crime, e o pior de tudo, Peter (o diretor) faz de tudo para que a policia não perceba tais pistas, deixando para o pai, com a ajuda espiritual da filha, o trabalho de acabar com o mistério.

****

Infelizmente o diretor, Peter Jackson, tentou muito acertar que acabou pecando nos mais sutis pontos. Ele se deixou levar pelo roteiro fraco e transformou um filme que tinha um ótimo potencial em um drama familiar de um lado e um thriller policial pífio do outro. Eu, sinceramente, gostaria de ter mais o que falar sobre o filme, mas os erros são poucos e constantes e os acertos praticamente inexistem, então, melhor encerrar e esperar por filmes melhores.

Até mais.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Análise - Utopia e Barbárie

"Utopia e Barbárie" é o tipo de documentário que fica na cabeça por horas após acabar. Que permanece em sua mente durante alguns dias e o qual você discute assiduamente sobre com amigos no bar. Este projeto que levou 19 anos para ser concluído é o mix de trabalho duro e dedicação de Silvio Tendler e chegou mês passado aos cinemas.



A primeira coisa que o documentário faz é nos situar. Começamos com imagens do bombardeio nuclear em Hiroshima, imagens e fotos da catastofre seguem e somos apresentados a alguns depoimentos sobre a Segunda Guerra Mundial, nada gigantesco, o necessário para sabermos mais para frente por onde começou a projeção, que narra através de cerca de duas horas uma viagem através das utopias e suas respectivas barbáries pós-segunda guerra, pois utopia e barbárie são faces da mesma moeda, diz a fita.

Não há Utopia que não seja seguida de Barbárie, e para provar tal ponto somos apresentados a diversos movimentos que ocorreram nas últimas décadas e a uma geração que tentou mudar o mundo através de ideias e armas, que encheu as ruas em maio de 67, ou que tramaram contra a Ditadura Militar Brasil, e aos poucos somos até mesmo questionados sobre a nossa geração. Quais nossos ideiais? Pois bem... Pense em algo que você gostaria de mudar no mundo... Pensou? Bom, agora pense sobre o que você está fazendo para mudar isso...

Misturando cenas reais e trechos de filmes o documentário faz um paralelo sobre diversos conflitos, suas causas e resoluções. Desde a Guerra do Vietnã  e a queda do muro de Berlim ao conflito entre Argélia e França. A fita é repleta de entrevistas com personagens que vivenciaram os conflitos, como por exemplo o General vietnamita e estrategista Giap, hoje com 94 anos, que derrotou os franceses em 1954 e os americanos em 1970.

****

Díficil comentar sobre uma obra tão profunda e pessoal. Certamente o documentário apresenta uma visão tendenciosa esquerdista de seu diretor, mas nem por isso deixa de lado os relatos e fatos históricos, apresenta ao espectador os fatos, aí cabe a cada um processá-los da maneira que preferir.

Um fato interessante do documentário é a utilização de trechos de filmes para ilustrar algumas idéias, como por exemplo "Setembro Chileno" e "Invasões Barbaras", o primeiro sobre a tomada do poder por Pinochet e o segundo sobre um grupo intelectual de amigos, o documentário mostra uns trechos de conversas entre eles sobre os conflitos pelos quais eles "acompanharam" de longe, através de livros e filmes.

Mas nem só de boas coisas é feito o documentário, que tem uma montagem meio cansativa, na minha opinião, bom, são mais de 50 anos de história espremidos nos 120 minutos de filme, talvez algo mais objetivo e direcionado cansasse menos, mas nada que tire o mérito da obra. Outro ponto é a parte final, sobre o conflito no oriente médio... não que não seja pertinente, mas talvez por falta de um melhor ponto de encontro com o restante da projeção tenha ficado um tanto quanto entediante.

Como eu disse, "Utopia e Barbárie" é tendencioso e algumas vezes cansativo, mas nada disso apaga o fato de ser um relato histórico bom, que acerta principalmente em relatar as diversas faces de uma geração que queria mudar o mundo com suas próprias mãos e não mediu esforços nesta tentativa, seja pela luta armada ou pelas negociações menos radicais, e tais atos são estranhos a nós mais jovens, o fervor de algumas entrevistas surpreende. Somos tão alienados, nossas principais preocupações parecem banais ao fim do documentário, e nossa geração fraca e fora de compasso, desunida talvez. "Mas estamos em um mundo muito mais pacífico", alguns dirão, será? Será que o mundo se tornou um lugar mais pacífico onde o ser humano é finalmente respeitado ou nós que fomos cegados pela globalização? Enquanto estas perguntas não são respondidas o melhor a fazer é twittar, certo?

Até mais.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Me conformar

Não quero me conformar,
Não quero cortar minhas próprias asas e apenas imaginar como seria voar
Quero mais do que tenho mas menos do que sonho,
Eu quero enfim deixar de ser apenas mais um a imaginar como seria...
Não quero ouvir o despertador e pensar "Ahh, mais um dia para trabalhar", mas sim "Ahh, pelo menos eu sou feliz"
Mais um dia para me conformar, afinal, de que adiantam as escolhas se no fim vamos sempre nos perguntar: e se...?

Átila Alexandre Ferreira

Desabafo - MTV Movie Awards

Ontem a noite aconteceu a premiação anual da MTV, e como todos os anos é decepcionante assistir as palhaçadas cinematográficas que são premiadas nesta noite de puro lobby.

Eu comecei a assistir a premiação, mas depois que a Kristen Stewart recebeu o concorridíssimo prêmio de melhor atriz (eu não gosto da Sandra Bullock, mas realmente torci por ela dessa vez) eu decidi que meu tempo seria melhor gasto dormindo, e hoje de manhã vendo os vencedores realmente percebi que fiz o certo.

Preciso começar dizendo que não tenho nada contra "Crepúsculo" ou "Harry Potter", aliás, até gosto de Harry, mas daí até ele ser um dos melhores filmes de 2009. Eu não faço ideia do critério utilizado para a escolha dos indicados, e sinceramente, há coisas que é melhor nem saber (essa é uma delas).

Enfim... se por acaso eu acabar ofendendo alguém ou discordando de alguma opinião, me desculpem. Felizmente vivemos em um país onde a livre expressão ainda existe, UFA!!!.



É inimáginal que um filme "meia-boca" como "Crepúsculo" (me desculpem os fãs mas o filme nem de longe chega a ser bom) ganhe como melhor filme de 2009, não existe explicação plaúsivel para tal ato insano, na verdade até há, né? Que premiassem "The Hangover", que premiassem um filme da Xuxa ou do Didi, mas "Crepúsculo"... palhaçada. E sabe porque este filme ganhou? Porque alguém na MTV acha que os vencedores da noite devem ser escolhido pela audiência. Ok... vamos analisar isso. Quem é a audiência da MTV (a mesma MTV que tem um programa chamado "Colírios")? São pré-adolescentes que lêem a Capricho, e isso a MTV deixa claro com seus programas e até mesmo com seus comerciais. Então tá, o público que escolha os vencedores da premiação, se é que precisa de votação para saber quem vai vencer.

***

Robert Pattinson venceu a “disputa” por melhor ator pela sua “memorável” atuação em “New Moon”. Uau, valeu a pena os 15 minutos que ele apareceu lá hein, eu assisti este filme (sério...) e o pai da Bella apareceu mais que ele, para vocês terem noção da inconsistência dos fatos. E olha que esses 15 minutos nem foram de uma atuação muito boa hein, foi no nível do primeiro filme (putz!) e daquele "Lembranças"(já comentado no blog). Ahhh, e nosso galã ainda levou de brinde o prêmio de Estrela Global, olha! Parabéns...

Mas tudo bem, era esperado "Crepúsculo" ganhar o melhor filme, seu casal serem os melhores atores e ambos protagonizarem o melhor beijo, certo?

Melhor Cena de Terror: Amanda Seyfried por "Jennifer's body" (Garota Infernal em português). Tá... acho que erraram neste prêmio, será que eles não queriam premiar ela por melhor atuação cômica? Meu.. eu assisti este filme, ele foi produzido pelo Jason Reirman e escrito pela Diablo Cody (Diretor e Roteirista de Juno). O filme é legal, tem uma histórinha boba, mas no fim das contas é assistível, mas não lembro de ter visto alguma cena de terror nele... acho que os meus critérios sobre o que seja Terror que estão errados.. é, deve ser isso mesmo.

Eu nem sei quantas categorias eram, mas dando uma olhada entre os vencedores houve uma, e apenas uma categoria na qual eu realmente achei que houve um certo critério... certamente os filmes premiados no MTV Movie Awards são os mais comerciais do ano antecessor a premiação, logo muitos filmes bons não aparecerão por não serem, tão comerciais, e isto é um fato. Mas dos filmes aptos a concorrer, um dos melhores que vi ano passado realmente foi "Up in ther air", filme que deu o prêmio de atriz revelação para Anna Kendrick. Ela não é uma revelação... teve algumas boas atuações em outros filmes, mas tudo bem, valeu o prêmio para ela.

****

Para finalizar, vou dar uma bronca em todas as garotinhas e garotinhos fãs de Harry Potter que passaram horas dos seus preciosos dias votando nas categorias nas quais o filme concorria. Como é possível, e aqui saliento que estou muito indignado, que Tom Felton ganhe como Melhor Vilão? Ele é um ator bom, não é ótimo... mas era a segunda opção, e no máximo a segunda, até porque concorriam com ele a Helena Bonham Carter por "Alice" e Stephen Lang por "Avatar" (que não foi indicado para nada, que revolução cinematográfica oquê! queremos Edward!). Enfim... sinto até vergonha de dizer que ele, Tom Felton, "conseguiu ser melhor" (na imaginação de milhares de pessoas) que Christoph Waltz (Batardos Inglórios), que teve uma atuação, aí sim, memorável em "Bastardos". Não acredito... se a premiação tinha algum crédito, perdeu todo ele aí...


Melhor Filme
The Twilight Saga – New Moon

Melhor Atuação Feminina
Kristen Stewart por “Twilight Saga – New Moon”

Melhor Atuação Masculina
Robert Pattinson por “The Twilight Saga – New Moon”

Maior Revelação
Anna Kendrick por “Up In The Air”

Melhor Atuação Cómica
Zach Galifianakis por “The Hangover”

Melhor Vilão
Tom Felton por “Harry Potter and the Half Blood Prince”

Melhor Beijo
Kristen Stewart e Robert Pattinson em “The Twilight Saga – New Moon”

Melhor Cena
Ken Jeong em “Hangover”

Estrela Global
Robert Pattinson

Melhor Cena de Terror
Amanda Seyfried em “Jennifer’s Body”

Maior Badass
Rain

Melhor Luta
Beyoncé Knowles vs. Ali Larter em “Obsessed”

MTV Generation
Sandra Bullock

Até mais.

sábado, 5 de junho de 2010

Direção: David Fincher
Roteiro: Eric Roth

"We are defined by opportunities, even the ones we miss."

Este é um filme meio antigo, que fez bastante alvoroço quando lançado, e aqui estou eu, tempos depois do lançamento vendo ele e me sentindo bem, sem nenhum arrependimento por não tê-lo visto antes.


Dirigido pelo ótimo David Fincher, que mais uma vez mostra que sabe muito de cinema, mas apesar de mais uma bela direção, este é um filme que não me agradou tanto, mas aí é questão de gosto, certo? Uma trama arrastada, na minha opinião, atuações nem tão marcantes e um gostinho de que faltou algo ao fim do filme, nem mesmo a magistral direção de arte e maquiagem foram o suficiente para fazer deste filme ótimo, um bom eu até aceito.

A história:

Quão breve é uma vida? Qual o alcance da nossa consciência diante de nossos atos?

Benjamin (Brad Pitt) realmente é um caso curioso. Ao contrário de todos ele nasceu com a aparência e as doenças de uma pessoa idosa, de uns oitenta e cinco ou noventa anos, e com o passar dos anos ele rejuvenesce ao invés de envelhecer (ufa!!). Ao decorrer de sua vida Benjamin vai aos poucos conhecendo a vida, o primeiro beijo, a primeira noite com uma mulher, a guerra, um amor incorrespondido e as dores de perder membros da família.

Bem jovem (com a aparência de um homem de uns oitenta anos) ele conhece Daisy (Cate Blanchett), que deve ter uns 10 anos, e se apaixona por ela, e obviamente a garota demonstra algum interesse pelo idoso, afinal de contas é o Brad Pitt, certo? Mas ainda assim esse é um romance impossível. Benjamin parte, parte para o mar e se vê no meio da Segunda Guerra Mundial e o único contato que teve com a menina por anos foi através de algumas cartas no começo de sua viagem... Um amor impossível, certo? Errado... Com o passar dos anos Benjamin rejuvenesce e Daisy envelhece, cada segundo aproxima os dois do ponto alto do filme, do momento onde ambos terão a mesma idade e enfim poderão ser felizes para sempre? Bom... isso só o filme nos dirá.

*****

A história do filme não me agradou muito, mas certamente vai agradar muitas pessoas e eu sou obrigado a bater palmas a toda a parte técnica do filme, que teve extremo cuidado com cada cena, com cada edição de som e narrativas do roteiro para que não percebêssemos as quase três horas de filme, e certamente elas passam "quase" imperceptíveis.

Um personagem muito cativante este tal de Benjamin Button, não acham? No início nos sentimos com pena dele, para depois ficarmos extremamente felizes por sua jornada e enfim sentirmos mais pena, e ao fim da projeção sentirmos uma ou duas lágrimas escorrendo pela face, e não há como não senti-las, principalmente na cena final, que não me atreverei a comentar aqui...

A fita tem diversas boas sacadas que agradam, utilizando-se da narrativa em primeira pessoa e de uma ótima montagem e edição de som somos transportados para algumas cenas do filme, como quando Benjamin começa a contar sobre o acidente que Daisy sofreu, acidente este que acabou com seus sonhos de ser uma bailarina., a delicadeza com a qual foram escolhidas as palavras do personagem, a fotografia intensa e ao mesmo tempo delicada e os sons que nos embalam em meio ao caos inelegível são perfeitamente entrelaçados neste cena.

*****

Já vi Brad Bitt em melhores atuações, gostei muito dele em "Babel". O mesmo para "Cate Blanchett", praticamente irreconhecível neste filme, ainda mais porque vi a poucos dias "Elizabeth", mas no fim fazem o suficiente para não atrapalharem o filme. Em algumas cenas Brad Pitt ainda consegue nos comover com algumas boas cenas. Escolhendo uma para comentar, posso dizer que gostei bastante de umas das cenas finais, onde depois de um longo tempo Benjamin volta e encontra sua amada Daisy na sua escola de ballet, já casada com outro homem e criando a filha que ele abandonou. Naquela pequena conversa de dois ou três minutos ambos os atores conseguem alcançar uma profundidade que se conseguissem manter durante todo o filme, esta análise do filme teria um rumo totalmente diferente.

Mas eu disse no começo que não gostei muito do filme, e está na hora de dizer porque. Primeiro, o roteiro... Poxa, vai me dizer que você não sabia o final logo no começo do filme? Será mesmo que o roteiro não podia se ater um pouco mais a realidade? Não acham que tudo vai bem demais no filme? Será que Deus resolveu se redimir com Benjamin fazendo tudo dar certo na sua vida? Aí não sei, mas aparentemente nosso roteirista Eric Roth sim...


Em cinco minutos dava para saber o fim do filme, não dava? Isso porque o filme é uma enrolação do começo ao fim... lotado de clichês que se houvessem mais deixaria de ser uma adaptação literária para ser uma adaptação de milhares de outros roteiros. Depois de um tempo de filme você não se sentiu um pouco familiarizado com a narrativa? Não lembrou nem um pouco "Titanic"? ... lembrou, né? Quer outro clichê? A mãe, depois de uma vida de mentiras revela a filha que seu pai não é aquele que a criou a vida todo, mas sim um estranho a ela, alguém que ela nunca realmente teve a oportunidade de conhecer... (serve este?)

Ahh ok... mas vou redimir um dos "erros" do roteiro. Tá, era óbvio o romance de Benjamin e Daisy, apesar de todas os obstáculos que a trama apresenta... a ideia do filme era mostrar que o amor pode transceder as adversidades da vida e que devemos curtir os momentos, nada é eterno, então aproveite. Se este, um dos maiores clichês do filme acaba sendo, no mínimo, necessário, vou levantar outra questão: Será que o grande erro do filme não aconteceu na sua produção? Apostar neste roteiro totalmente paz e amor, sem realidade nenhuma e totalmente apelativo ao irreal? Em um mercado cada vez mais competitivo, onde filmes como "Guerra ao Terror" são as grandes apostas certeiras, se você não for um "Avatar" da vida (uma produção bilionária e recheada de efeitos especiais) você não pode se dar ao luxo de esquecer o roteiro e fazer um filme em torno de uma direção de arte impecável.

No fim das contas o saldo, para mim, é negativo. O filme que tem boas coisas se perde, principalmente em um roteiro arrastadinho e muito previsível, tirando de nós, espectadores, o principal motivo de se assistir filmes: a sensação de que o filme nos conduz, levando-nos através de caminhos inexplorados, nos apresentando ao antes inexistente, mas "Benjamin Button" faz o contrário, nos leva por caminhos já conhecidos e batidos.

Ps. Laís, este post é (dedicado) para você, depois de tanto pedir, era o mínimo, né?

Até mais.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Direção: Karin Ainouz e Marcelo Gomes


Avaliar o percurso de um possível canal que atravessará todo o sertão nordestino. Este é o objetivo do geólogo José Renato (Irandhir Santos), que junto com o percurso do canal descobre coisas sobre seu país e sobre si mesmo que ele nem mesmo imaginava, ou talvez nem sequer se atrevia a pensar.


Entusiasticamente um retrato imperfeito do sertão nordestino. O filme se desenvolve em forma de documentário mas o percebemos mais como um diário de bordo de José Renato. "Viajo porque preciso, volto porque te amo" quebra o paradigma cinematográfico do  herói e seu rosto ao simplesmente, em nenhum momento, mostrar o rosto do protagonista, que apenas reconhecemos através de sua narração dos lugares por onde passa, das pessoas que conhece e dos seus devaneios sobre sua vida, sua viagem e seu amor perdido.

O filme é ilustrado de imagens do sertão nordestino e coberto com uma trilha sonora recheada de músicas românticas bregas. Cena após cena somos introduzidos a personagens reais, pessoas do sertão que se apresentam ingênuas e convidativas, abrindo o livro de suas vidas a José, que por sua vez faz a ponte entre aqueles que mesmo tão perto estão tão longe, e assim vamos conhecendo aquelas singulares pessoas, que apesar de tudo, são felizes, e é aí que nós mesmos somos questionados sobre nossas felicidades e anseios. Mas nem só de pessoas é feita a viagem (insólita) de nosso protagonista, solitário é o sertão que ele contempla e estuda, solitário... assim como ele, assim como ele tem sido após o término de seu casamento. E no fim das contas ele é humano e se dá ao direito de imaginar... de fechar os olhos e mentir a si mesmo e fingir, se enganar, e sonhar que nada acabou, que quando ele voltar lá estará sua amada o esperando ao fim da viagem, mas aos poucos ele se dá conta de que não, e então conhecemos uma nova face de José, algo mais verdadeiro e que muitos reconhecerão.

Apenas mais um humano, como eu e você, este é nosso herói de "Viajo porque preciso, volto porque te amo". Afogando suas mágoas nas mais banais ações e sempre insatisfeito, insatisfeito com seu emprego, com seu dia-a-dia e com sua vida, assim como nós. 

*****

Inegável e desnecessário dizer que adorei o filme. Cansativo em algumas partes mas acima de tudo uma gota de esperança, um vislumbre do que pode se tornar o cinema nacional com boas ideias e pessoas competentes. Fotografias magníficas e um roteiro ótimo, apesar do desafio de contar uma história, apresentar um protagonista e fazer-nos entendê-lo sem nem ao menos vê-lo.


Sem sombras de dúvidas um dos filmes menos comerciais dos últimos tempos, culpa de sua experimentalidade? Certamente... E por isso o filme é tão bom, ao se desconectar do mundo e dos padrões do comercial ele pode abrir suas asas e voar livremente, seus realizadores podem fazer dele tudo que pensam  sem se preocupar com faixa etária, público alvo e alcance do filme (ainda bem).

Dia após dia me pego pensando no filme, em como quanto foi dito através de fotografias, como quanto pode ser expresso através de frases perdidas em meio a monólogos que, se parecem intermináveis, quando acabam nos provocam aquele sentimento tão comum que se assemelha com a saudade. E aquela cena final do filme? Não acho que seja preciso dizer algo mais, vamos todos brindar a vida e enfim mergulhar nela, de cabeça e sem medo.

Bato palmas para a produção, para os diretores e à todos que conseguiram fazer deste filme uma realidade, uma bela realidade de 75 minutos.

Até mais.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Análise - Em teu nome

Direção: Paulo Nascimento
Roteiro: Paulo Nascimento

"Em teu nome" estreou nos cinemas paulistas na última sexta-feira e não agradou muito a crítica e o público, que vêem no filme apenas mais um filme abordando um tema batido, a ditadura, ou um filme, que tecnicamente é fraco e seus personagens pouco profundos... Bom, "sei que tudo isso é verdade mas eu quero que se f... essa p.. de sociedade" já diria nosso amigo Charlie Brown.

Minha opinião? Um ótimo filme que merece ser visto, apesar dos pontos negativos, acredito que os positivos componham uma força maior na balança, porque no fim das contas, não importa se o filme aborda a realidade na favela, no nordeste ou volta a ditadura, o importante é que o filme seja bom, entretenha e nos faça pensar, provoque a reflexão... Afinal, qual o sentido do cinema senão este? Se queremos chegar ao nível da Argentina, enquanto produção cinematográfica, precisamos deixar de lado os preconceitos desta nossa geração, o cinema nacional é bom, falta incentivo e faltam pessoas preparadas para criar ótimos filmes, mas ainda assim há os bons filmes, e é com o reconhecimente destes que seguiremos em frente.


A história:

Boni é um estudante de engenharia (Leonardo Machado) que entre as aulas e horas de estudo se dedica a um movimento revolucionário que visa a derrubada da Ditadura Militar no Brasil. Se a trama começa com ele e alguns amigos imaginando e divagando sobre planos longinquos, com a evolução da fita vemos um embate político e cultural dos personagens tentando ganhar de volta o direito a liberdade em seu próprio país.

Após serem alvo de uma emboscada, Boni e seus amigos são presos, torturados e enviados para uma prisão no meio do nada. Algumas cenas de tortura nos fazem pensar em como nos anos 70, após a segunda guerra mundial, pessoas eram capazes de tratar outros seres humanos com tamanha crueldade e desrespeito, e o pior de tudo, no Brasil. E logo a história se centraliza na obtenção de anistia para aqueles que, como Boni, foram expulsos de seu país pelo regime militar vigente.

***

Nem de longe é um filme brilhante, nem de longe tem um roteiro perfeito e sem furos, mas apesar de tudo diverte e entretem. Mas claramente há falhas que sou obrigado a apontar. O filme tem pouca profundidade quando falamos de personagens, são muitos e pouco sabemos sobre eles, e para piorar as atuações não foram nada além de minímo necessário para se distribuir um filme. E o filme peca na insistência, e peca muito. Cena após cena somos obrigados a ouvir frases do tipo "Há pessoas sendo torturadas e mortas enquanto você estuda para sua prova". E o roteiro fraco nada ajuda na consistência do filme e na transição de cenas, há algumas promissoras que são cortadas sem serem bem exploradas. Diálogos muito intensos e pouco significativos para a história como um todo também atrapalham o ritmo do filme e sua capacidade de divertir, pois acabamos ficando hora ou outra meio cansados.

Mas nem só de momentos fracos vive o filme. A fotografia, na minha mais do que humilde opinião, é muito boa. Há cenas bem escuras na prisão que conseguem pegar muito bem o clima e ambiente das cenas e expressar o que os personagens estão passando com apenas um enquadramento bem feito. E por mais que a história se torne confusa as vezes, ainda assim durante o filme somos obrigados a concordar que estamos diante de uma bela história, sendo um tema passado e cansado ou não.

No fim das contas eu digo que vale a pena assistir se você não ligar para o tema e a idéia central do filme não lhe incomodar, mas se como a maioria dos brasileiros você prefere não ver filmes nacionais para assistir produções estrangeiras melhores feitas e com atuações deslumbrantes, opções no cinema não faltam, este filme não fará falta na sua bagagem se não vê-lo, mas pode fazer alguma diferença se sim. É igual ponto positivo na escola, se tiver melhor, mas se não, no fim você vai passar também.

Até mais.

sábado, 29 de maio de 2010

Direção: Sidney Lumet

"Que você esteja no paraíso por meia hora antes que o diabo saiba que você está morto."

"Soberbo... Assista o quanto antes. Este filme gruda em você e não te deixa pensar em outra coisa".
                                                         (Roger Ebert, Chicago Sun Times)


Um filme meio antigo, de meados de 2008, que vi na locadora este fim de semana, e me chamou muito atenção pelo nome, no minímo bem sugestivo.

Tendo assistido ao filme o que posso dizer é que ele peca muito em coisas simples e principalmente nas atuações, que em momento algum ganham a profundidade necessária, falta um algo mais, e saliento que este não é um filme ruim, mas nem de longe é "o filme".

A história:

Andrew "Andy" Hawson (Philip Seymour Hoffman) e Hank Hawson (Ethan Hawk) são irmãos. Andy é um executivo viciado em drogas, com um casamento cansado e a beira do abismo. À procura de dinheiro para se mudar para o Brasil e enfim ter uma vida feliz ao lado de sua esposa (Marisa Tomei) ele se vê fazendo jus à frase: o fim justifica os meios. Já Hank é divorciado e tem uma filha, cuja pensão mal consegue pagar, assim como suas outras contas. Os problemas financeiros de ambos leva Andy a arquitetar um assalto a joalheria da família e enfim resolver o problema de ambos, sem outra opção e fascinado com a alternativa de enfim poder resolver sua vida Hank aceita a proposta.

Aparentemente um trabalho fácil, visto que os dois já trabalharam na loja, mas um instante de desatenção e diversos acontecimentos inesperados transformam o que seria uma maneira fácil de se ganhar dinheiro em uma desesperadora corrida contra o tempo e contra todos. Ao invés da velhinha que habitualmente cuida da loja, naquela manhã quem abriu a loja foi a mãe de Andy e Hank, que acaba levando um tiro de um rapaz contratado por Hank para entrar e pegar todo o dinheiro e jóias, rapaz este que acaba morto, vitima de tiros disparados pela Sra. Hawson.

E neste ponto a história se abre para dois caminhos diferentes, em um deles os irmãos Hawson tentam fugir daquilo que fizeram e esconder seu crime, apesar dos diversos problemas e reviravoltas que os esperam. Por outro lado, o pai deles, Charles (magistralmente representado por Albert Finney), quer vingança pela que aconteceu com sua esposa e começa uma corrida para descobrir quem estava por trás do assalto, isso, claro, sem saber que está atrás dos filhos.


Uma proposta boa, um ótimo grupo de atores e um bom diretor. Infelizmente o filme comete muitos erros, seja na montagem e edição ou nas própria atuações, e por isso as vezes tem um ritmo meio quebrado e pouco convincente. Logo na primeira metade da fita já sabemos a história toda, conhecemos os fatos que levaram ao acontecimento fatal do filme e sabemos quem vai acabar se ferrando com tudo.

Eu, sinceramente, esperava mais da história e do desenvolvimento dos personagens, que com pouca profundidade e muita trama acabam se tornando cansativos e com isso o filme se torna um pouco chato e massante, longe da soberbidade anunciada. Mas além dos erros o filme também acerta em alguns momentos, acerta principalmente em deixar a vida ainda mais difícil para os irmãos Hawson a cada nova cena, nos fazendo sentir receosos e impacientes pelo fim, inesperado, diga-se de passagem, porque a história nos leva a imaginar um fim provável, talvez dois, mas quando finalmente acontece, somos pegos de surpresa e é realmente no fim do filme, em sua última cena que o filme faz seu principal acerto de contas e se redime pelos momentos chatos que nos proporcionou, momentos estes que são mais do que necessários para o seu desfecho (tavez nem todos, mas enfim...).

Quando as duas histórias finalmente convergem em uma só é que o filme deixa de ser massante para se tornar o mais verdadeiro possível, despertando e questionando valores éticos e morais da maneira mais inesperada. Apesar dos problemas é um bom filme que aconselho a todos.

Até mais.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Análise - A Onda

Diretor: Dennis Gansel
Roteiro: Dennis Gansel e Todd Strasser

Este filme é certamente uma das melhores escolhas que eu fiz nos últimos tempos, e se eu posso recomendar um filme para qualquer dia de vossa semana, para qualquer hora e para qualquer ocasião, aqui está, "A Onda".


É possível uma nova autocracia surgir nos tempos de hoje, onde todos são tão superiores e pouco se interessam  pelo ativismo político? Está é a questão chave que o professor Rainer Wegner quer debater com  seus alunos na aula de Autocracia. Rainer decide criar um regime autoritário na sala, onde ele cria as regras e quem não as segue simplesmente está fora, tudo para mostrar aos seus jovens alunos como funciona na prática o fascismo. O que era para ser apenas um experimento didático se transformou em uma lavagem cerebral nos estudantes que passaram de desleixados estudantes à fascistas anti-anarquistas.

A história é baseada em fatos reais e aconteceu na Califórnia em 1967. O professor de História Ron Jones resolveu criar este experimento, chamado de "A Terceira Onda" para mostrar aos seus alunos que alguns alemães alegaram ignorância perante o Holocausto da Segunda Guerra Mundial.

Voltemos ao filme. Tecnicamente impecável e bem seguro. Com um bom ritmo e roteiro não somos tentados a abandonar o filme e muito menos nos damos ao luxo de piscar. Atuações seguras dos jovens atores, e se não foram atuações épicas, pelo menos foram consistentes.

O filme ganha profundidade com o passar das cenas através das relações que o filme apresenta, seja entre amigos, namorados, professores ou mesmo pais e filhos, chegamos em um ponto do filme onde é imprescindível saber discernir entre aquilo que devemos fazer e quando devemos parar de fazer. E tudo apenas nos prepara para um final trágico, ou talvez nem tanto. Um final que certamente choca e acima de tudo provoca ainda mais reflexões, mantendo o filme em nossas cabeças por algum tempo mesmo depois de seu fim.

O filme:

Somos apresentados sobriamente aos diversos personagens que compõe a película, sem pressa, cada coisa no seu lugar. E quando menos esperamos lá estamos nós assistindo às aulas do Her Wegner. E junto com os personagens participamos da escolha do nome do movimento, vandalizamos as ruas em busca de identidade e o que era para ser uma semana experimental se transforma em uma verdadeira onda, como estabelece o próprio nome do movimento.

Os alunos passam a se vestir igual, a pensar igual e a se relacionar de formas diferentes, excluindo aqueles que não aderem aos seus ideais de uma Alemanha melhor. Transformam a figura Anarquista no inimigo a ser batido, "Força pela Disciplina" diz seu lema. E quando chega a hora de acabar com tudo e voltar a rotina, às aulas de matemática, ciências e alemão, Reiner começa a perceber que algo mudou, ele havia perdido o controle e os alunos começavam a propagar a idéia de unidade entre eles e estavam cada vez mais violentos com os que não eram parte d'A Onda.

****

Este filme sutilmente nos leva à uma brilhante análise do fascismo e seu poder de disseminação. Nós sabemos tudo e não cometeremos os mesmos erros do passado? Será? Será que os mesmos erros que estamos cometendo hoje já não foram cometidos? O filme traz milhares de perguntas a tona, e não cabe a ele responder, e sim nos fazer pensar no assunto. A idéia do filme foi trazer história a Alemanha contemporânea e apresentar idéias e mensagens de uma maneira natural, sem forçar a barra em momento algum. Desta forma somos apresentados a temas extremamente fortes de forma simples e sem parecer forçado. Por exemplo, temos nas figuras de duas jovens a imprensa derrotada contra um movimento cada vez mais forte, ou uma outra cena, onde vemos alguns integrantes d'A Onda em um embate com Anarquistas, o que parece ser só mais uma briga de rua idealiza toda uma gama de ideais políticos e cívicos, que ganham simplicidade e suavidade no filme. Até mesmo a idéia de um símbolo para representar um surgimento de uma nova idéia e um novo ideal é referência na fita.

Será mesmo que em uma época onde estamos cada vez mais individualistas, apesar de nos acharmos unidos acerca de culturas, religiões e liberdades expressivas, estamos cavando uma cova para nós mesmos? Será mesmo que bastaria uma pessoa carismática o suficiente para que a história então se repetisse novamente?

"A Onda" critica e avisa, nossa juventude pouco se importa com o mundo ao seu redor, mas e se de uma hora para a outra começarem a se importar? Em um mundo onde a televisão acalma e é fruto do conhecimento massificado, estamos presos em uma jaula, adestrados e sem poder, mas algo está esquecido. Os jovens são cada vez mais influenciáveis (culpa da televisão?) e em busca de algo maior para suas vidas, e se alguém lhes oferecer isso?

Até mais.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Análise - A Hora do Pesadelo

Direção: Samuel Bayer
Roteiro: Eric Heisserer

Remake do clássico filme de 1984 do diretor Wes Craven, a nova versão chega em busca de novos fãs para a série, com algumas mudanças, uma nova trama, um novo Freddy Krueger e o mesmo estilo "slasher movie" de sempre.

A história:

Um grupo de jovens unidos por um passado trágico começam a dividir um mesmo sonho, aliás, um mesmo pesadelo. Todos estão sendo perseguidos por Freddy Krueger enquanto dormem, indefesos diante do monstro, tudo que podem fazer é lutar contra o sono que acaba vencendo pelo cansaço. Na trama nada de diferente, o filme em geral não apresenta grandes novidades ao genêro terror / suspense. Mas não é por isso que deixa de ser muito bom.

Tudo que estes jovens podem fazer para tentar se livrar de Freddy é entender o passado que esconde as razões do ódio do assassino por eles. E é isso que eles fazem, ou pelo menos os que sobrevivem fazem.

Enfim, todo mundo sabe o que vai acontecer, o interessante do filme é como as coisas acontecem. Com cenas interessantes e diálogos secos e rápidos o filme segue um bom ritmo que pouco deixa a desejar em questão de roteiro e continuidade. Se você quer assistir a um suspense super trabalhado com diálogos extensos, tramas mirabolantes e atuações impecáveis, bom... preciso lhe dizer que está no caminho errado se acha que "A hora do pesadelo" será o filme a proporcionar tais momentos. Ele serve como diversão momentânea, é um filme a se deixar na gaveta para quando bater uma saudade, mas nada além disso.

****

Obviamente a fita deixa a desejar em alguns aspectos, mas pera lá... Li muitas críticas sobre o filme. Dizem que falta algo, clamam por uma trama mais fiél à original, se perguntam o porque da pouca participação da rua Elm na trama, e não cansam de bravar que este remake não chega aos pés do original. Bom... eu acho que chega sim aos pés da versão de 1984. Não só chega como, dependendo do dia, pode até ser melhor. Erros? Ambos os filmes tem, mas, e isso é minha humilde opinião, este novo tem uma trama muito mais consistente, apesar de simples não há nenhuma falha (grotesca), apenas peca na inexperiência do roteirista que faz seu debut em "A hora do pesadelo". E se não há atuações memoráveis, certamente nenhuma deixa a desejar.

Uma coisa que não posso deixar de comentar, e aí sim, neste ponto não há espaço para debates, é sobre as cenas onde Freddy assola os jovens em seus sonhos. Samuel Bayer de forma preguiçosa conseguiu estragar um dos pontos mais interessantes da primeira versão que era a sensação de nunca sabermos se os personagens estavam ou não sonhando. É tudo mastigado neste filme. Ele chegou a idiotice de mudar o tom das cores toda vez que o filme entra no sonho de um dos personagens... e com erros nítidos de direção acabamos sabendo exatamente as horas que devemos nos assustar... Não que isso nos poupe dos sustos.

****

E as mortes? Se não foram as mais marcantes mortes do cinema, são no mínimo interessantes. Podíamos ter tido algo além do clichê das duas olhadinhas para o lado e bãã. Mas tudo bem, dá para relevar, até porque mesmo se deixando levar por este típico jeito de assassinar personagens o filme não perde em criatividade ao explicar aos poucos toda a história que liga todos aqueles jovens ao horrendo Freddy. 

E falando no Freddy, interpretado neste remake pelo veterano Jackie Earle Haley, devemos também abaixar a cabeça e apenas concordar que o vilão de chapéu sujo e agasalho listrado protagonizado em 84, magistralmente, por Robert Englund fica há anos luz em questão de interpretação, milhares de vezes melhor. Não tenho muito o que falar sobre isso, vejamos assim: um dá medo e o outro dá, seilá... pequenos calafrios?

A intenção do filme era atualizar a franquia para a nova geração e ganhar uns milhões. Ok, feito! Agora, se o filme vai ou não criar mais uma legião de fãs como o seu progenitor não sabemos, os tempos são outros, a juventude é outra, em tempos onde Justin Bieber é o rei do pop e Robert Pattinson é um bom ator, o que podemos esperar? Aliás, acho que o Freddy Krueger podia pensar seriamente na idéia de perseguir estes dois em seus sonhos.

Bons sonhos e até mais.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Análise - Robin Hood

Direção: Ridley Scott
Roteiro: Brian Helgeland, Ethan Reiff e Cyrus Voris

----------------------------------------------------


Nada demais.

Pronto. Para que esperar até o fim do post para dizer o que achei do filme?


Robin Hood vêm sido tema de filmes, músicas e muitos outros tipos de manifestaçõe artísticas há muito tempo. Camuflado em verde, Robin é um arqueiro exemplar que rouba dos ricos e dá aos pobres, fazendo sua lenda famosa ao redor do mundo pelo seu lado heróico e algumas vezes zombeteiro, visto o modo com que tratava os membros da realeza. Nas mãos de Scott e Crowe o "jovem" Robin, com o perdão das haspas, passa longe de tudo que estamos acostumados a ver e ouvir do arqueiro. Com um roteiro arrastado e cenas cansativas somos imersos em um mundo que, pelo menos a mim, não interessa e não prende. Cheio de tudo aquilo que estamos acostumados a ver em filmes épicos a fita pouco inova e ainda por cima transforma uma história rica, divertida e sempre emocionante em nada além de um filme histórico, bem feito, caríssimo, e infelizmente chato e cansativo.

A história:

Robin Longstride (Russel Crowe) é um arqueiro a serviço da Inglaterra nas Cruzadas. Logo no começo da fita somos brindados com cenas de batalhas épicas, nada de inovador, bonitas fotografias, boa iluminação, tudo que um bom diretor faria com muito dinheiro. Mas até aí tudo bem, certamente não é em meio a uma batalha no começo do filme que queremos ver a que veio o filme, mais um pouco e certamente o filme iria nos presentear com doce surpresa, foi o que pensei. Ah sim, boas cenas ainda surgiriam, bons diálogos, uma trama que iria aos poucos nos prender se revelaria e o filme então faria jus a toda badalação. Doce ilusão. 

A Inglaterra da época é regida pelo Rei Ricardo Coração de Leão (Danny Huston), que gasta todo o dinheiro do povo em sua Cruzada enquanto a miséria assola seu nobre país. Durante uma invasão o rei é morto e a coroa passa para seu irmão mais novo, o inconsequente e jovem João, que pouco liga para o povo desde que sua barriga esteja cheia e sua cama ocupada.


Robin e alguns companheiros, após a morte de Ricardo, fogem rumo à novas vidas longe de tudo aquilo que eles tem visto nos últimos dez anos. No caminho de volta a Inglaterra eles descobrem uma emboscada para matar Ricardo, já morto. Emboscada esta preparada pelo maior inimigo inglês, a França, que tem ao seu favor um traidor da Inglaterra e melhor amigo do agora rei João, Godfrey, protagonizado por Mark Strong.

Uma promessa levará Robin ao condado de Nothingham onde ele conhecerá a Lady Marion Oxley (Cate Blanchett) e o Sir Walter Loxley (Max von Sydow), estas duas figuras importantes para o futuro de Robin e para o entendimento de seu passado trágico e esquecido.

Uma série de acontecimentos nos levarão enfim ao final pouco surpreendente e ainda menos emocionante, onde Robin, agora Hood, enfrentará o exércio francês pelo país que o rejeitará e fará dele um fora da lei.

*******

Se você não conseguiu conciliar bem Robin Hood com a história acima, tudo bem, poucos conseguirão, e é este o ponto principal do filme de Ridley Scott, ser diferente de tudo já feito e imprimir toques de veracidade a história do mais querido arqueiro de todos os tempos. Mas eu me pergunto, como é possível passar esta tal verdade, uma vez que nem sequer há provas da existência de Robin Hood?

Mas enfim... O problema do roteiro não é tentar ser diferente, é tentar ser verdadeiro em um território onde a verdade inexiste, mas uma vez que a proposta era passar confiança a história e fazer-nos entender todo o contexto histórico da época que levariam Robin Longstride a tornar-se Robin Hood, o minimo era fazer isso com um roteiro bem construído e convincentemente, o que infelizmente não acontece.

O roteiro é recheado de coincidências que chegam, em um certo ponto, a irritar. Não vou citar uma a uma aqui para não estragar a surpresa do filme aqueles que ainda não assistiram, mas não e difícil pereceber as coincidências, que no fim levarão Robin ao único homem capaz de explicar e esclarecer o seu passado, que fará dele um novo homem, um homem que ao lado de seus fiéis amigos comandará milhares frente ao exército fracês, um simples arqueiro empunhando uma espada e martelo como um verdadeiro cavaleiro, este simples arqueiro que do nada é um exímio líder, e o pior de tudo, lutará ao lado de Blachett, que de dona de casa passa a usar uma armadura e lutar ao lado da Inglaterra.

Mas esquencendo as falhas no roteiro, "Robin Hood" ainda assim não é, ao meu ver, um bom filme, e isso porque ele não é nada além de uma mistura do melhor de "Cruzadas" com o charme, neste filme pouco convincente, do general Maximus de "Gladiador". O diretor de fotografia dos três filmes é o mesmo (John Mathieson), não que ele seja ruim, ele apenas não inovou em nada do que já tinha sido feito anteriormente, o que apenas ressaltou a pouca diferença entre os filmes.

E o que poderia, e deveria, salvar o filme, seriam as atuações, que infelizmente com pouca energia e sem sucesso foram apenas mais um erro do filme, pobre em toda sua essência. Russel Crowe não chegou nem perto da sua aclamada atuação em "Gladiador", apesar das tentativas constantes do roteiro de fazê-lo. Não convenceu no papel de Robin Hood e suas expressões remetem mais há um sábio senhor que tem o papel coadjuvante de guiar um herói ao triunfo, e nem de longe nos convence em ser o herói da história. Com falas manjadas e a obscenidade que foi este roteiro, sinto dizer que é apenas um filme que Crowe deveria esquecer e fingir que nunca existiu, porque este, certamente foi sua pior atuação que eu assisti, talvez um retrato de que nem o próprio, um dos produtores do filme, não acreditava no sucesso da trama?

E a pobre Cate Blanchett? Provavelmente sua razão foi obscurecidade pelo grandioso projeto e seu entendimento e discernimento foram afetados por alguma força maligna que a levaram a aceitar este papel medíocre, e como dito anteriormente muito mal trabalhado. Teve uma atuação convincente dentro do esperado, linda como sempre, fez o que o roteiro pedia, e foi este seu erro. Devia ter ter pulado fora quando teve a oportunidade, porque deveria ser óbvio para uma atriz de seu porte que a personagem a quem ela estava dando vida seria um fracasso, além de um prato cheio para críticas.

Talvez a única salvação dentre as atuações tenha sido o Sir Walter Loxley (Max von Sydow), que apesar da idade foi magnificamente bem no papel de mentor de Robin e peça fundamental do roteiro para a transição do arqueiro veterano das cruzadas para aquele Robin Hood que conhecemos, que tira dos ricos para entregar aos pobres.

****

Erros marcaram a produção deste filme e mostraram que nem todo o dinheiro possível pode consertar más idéias e egos inflados como o de Ridley Scott, que conseguiu graças ao seu amor pela história e a vontade de ser o melhor e o mais diferente, estragar uma história que nas mãos de outras pessoas renderia um grande filme. Mas há esperança no fim do túnel. O filme mostra a origem de Robin Hood e a ascensão do Rei João ao poder, logo em uma possível continuação poderemos ser finalmente presenteados com o filme que todos queremos, desde que os erros (óbvios) deste filme sejam consertados e todo o idealismo e pesquisa histórica dêem lugar ao imaginário, para então sairmos do cinema no fim da sessão de "Robin Hood 2" e pensarmos, "Agora sim eu vi o um filme sobre Robin Hood", porque se as pessoas quisessem aulas de história, certamente não iriam assistir a um filme sobre Robin Hood, elas assistiriam ao History Channel.

Ps: Nada contra contar fatos históricos através de filmes, porque muitos dos melhores filmes são baseados na nossa nem tão breve história, como "Cruzadas" e o próprio "Gladiador", mas atrelar fatos históricos a ficção deve ser feito de forma cuidadosa e acima de tudo, quando pertinente.

Até mais.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Análise - A Verdade Nua e Crua

Direção: Robert Luketic
Roteiro: Nicole Eastman, Karen Mccullah Lutz e Kirsten Smith


Antes de falar do filme vamos a uma analogia que talvez vos faça entender a minha frustração / animação com o filme:

Você chega em um restaurante... você sempre vai lá com sua mulher, namorado, marido ou afins. O lugar é enorme e o melhor de tudo, está vazio. Legal, pode escolher o lugar que preferir. Então você para, olha ao redor e vê uma mesa no canto do salão, ao lado de uma pequena janela, um lugar bem familiar e gostoso, sempre que vai a este restaurante acaba sentando lá, e é sempre atendido pelos mesmos dois ou três garçons de lá. No fim você acaba pedindo o mesmo salmão da última vez, ou o macarrão da penúltima, são os melhores pratos, para que mudar?

É... meu caro amigo, vou lhe dizer que tanto você quanto eu somos assim, talvez não tão especificamente sobre comida e restaurantes, mas sobre filmes. Quando acabei de assistir "A Verdade Nua e Crua" eu parei uns instantes e refleti sobre o filme que eu havia acabado de assistir. Ele é bom tecnicamente mas tem um roteiro para lá de gasto e conhecido. E o pior de tudo? Eu gostei. Quer saber o que é ainda pior? Você provavelmente também irá gostar, se já não tiver gostado. E é por esta nossa fragilidade de sempre nos animarmos com filmes "novos, porém iguais a tudo" que estes ditos cujos continuam sendo produzidos e aparecendo aos montes (e dando certo!).

Uma fita cujo roteiro é fraco e com uma direção, nada além de, competente e fiel a proposta: divertir durante esquecíveis uma hora e meia.

A história:

Abby Richter, vivida intesa e perfeitamente pela belíssima Katherine Heigl, é uma produtora de um programa matutino de notícias. Ela é workaholic, controladora, metódica e tem uma certa "dificuldade" quando a questão é se relacionar. Mas as coisas estão prestes a mudar quando ela conhece o "jack ass, mother fucker", além de grosso e convencido, Mike Chadway (Gerard Butler). Mike é apresentador do programa The Ugly Truth, que é o nome original do filme. Mike é da opinião de que os homens são todos iguais, só se interessam por seios e bunda, e pouco se importam com o intelecto de uma mulher (ok, pode até em parte ser verdade, mas o mesmo serve para as mulheres).

O programa de Abby está indo de mal a pior com sua audiência cada vez mais baixa. Diante disto os diretores resolvem contratar Mike, contra o gosto de Abby, claro. E o pior de tudo para ela é que dá certo. The ugly truth vira um sucesso matinal e ela aos poucos começa a ceder, pelo menos, ao talento do rapaz. Afinal, o fim não justifica os meios?

****

"A Verdade Nua e Crua" é recheada de clichês que no fim acabam sendo bons a trama. Apesar de sua história batida e cansativa ele nos prende até sua cena final, que diga-se de passagem não é nem de longe uma surpresa, aliás, nenhum pedaço do roteiro nos surpreende, tudo acontece exatamente como devia acontecer, como estamos acostumados a ver acontecer em todos os filmes deste gênero.

Hit's musicais comtemporâneos dão um ritmo às cenas e um ar meio cult-pop em alguns momentos, além de uma fotografia simples, porém eficaz, que em certas horas parece remeter ao estilo utilizado em telenovelas, que, confesso, é legal de ser usado em certas partes do filme.
Mas apesar dos pesares é um bom filme, que diverte, prende e nos faz dar uma ou duas risadas, e ao fim da fita nos leva a pensar, nem que apenas um pouco, no amor e seu estranho jeito de acontecer.


****

As (2) atuações...

Katherine Heigl é uma ótima atriz. A cena em que ela tem um orgasmo na mesa de jantar de um restaurante chique é demais, não é nenhuma Meg Ryan, mas é boa. Nem de longe lembrou suas atuações em Grey’s Anatomy, que eram, no geral, ruins, apesar de eu gostar do seriado. Deu um algo a mais a personagem, além de beleza, óbviamente. Com um humor inteligente deu uma vida a uma ótima personagem, que se não será lembrada eternamente por este papel, pelo menos a fará ser lembrada em Hollywood, porque potencial para algo melhor ela tem, apesar das criticas.

Gerard Butler... Depois de “300” nem tem como questionar o cara. Ele é foda, com o perdão da palavra. O papel lhe caiu mais do que bem, e entre os dois protagonistas é disparado o que atuou melhor. Apesar do personagem não ser uma benção em sua vida, ele conseguiu com um pouco de talento dar uma lapidada e nos divertir com algumas boas piadas e ótimas tiradas.

****

Se no fim de nossas vidas o que levamos são apenas o conhecimento e as recordações, prepara-se para não levar "The Ugly Truth" com você para o túmulo. Certamente a fita não será uma referência para nosso futuro, mas é uma ótima pedida para passar um tempo despretencioso e relaxado. Se for ver com um namorado (a) então, ainda melhor, desta forma consegue passar pelas cenas mais chatinhas com um ou outro beijo.

É isso aí, até mais.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Análise - Homem de Ferro 2

Direção: Jon Favreau

Um dos blockbusters mais esperados do ano, criticado por alguns fãs mais fervorosos, mas um belo filme, que, na minha humilde opinião, superou o primeiro, talvez não no roteiro, mas no todo. "Iron man 2" além de nos mostrar diferentes faces do viciante Stark nos introduz ao que, penso eu, ser uma nova forma nos filmes da Marvel, e os próximos filmes irão apenas nos confirmar e preparar para o que está por vir, o tão aguardado "Os Vingadores".

Quando você é criança, e ainda por cima menino, HQ's são, no mínimo, viciantes, e com a internet então, eu passava tardes baixando mangás e histórias da Marvel e DC, e mesmo que seja de uma forma meio desajeitada, ainda mais voltada para a renda do estúdio do que para diversão do público é ótimo ter a oportunidade de assistir nas telonas títulos como Batman, Iron man, Spider-man, Superman e afins... E mesmo aqueles que não gostam tanto, tenho certeza que sempre estão nos cinemas assistindo, porque estes filmes são blockbusters, bem feitos e bonitos, além das histórinhas de superação e companheirismo que agradam toda a família. Começo este post, antes de falar sobre o nosso título, "Iron man 2", expressando minha enorme expectativa para os próximos filmes da Marvel, "Thor" já está me deixando louco antes mesmo de ser filmado. Considerem isto mais um desabafo de um nerd do que como algo útil para vossas vidas, vamos chamar de "momentos que perdi lendo algo inútil". Já tive vários, foi a vez de vocês.


Vamos nos voltar ao que importa por agora, falar de "Homem de ferro 2", tenha você gostado ou não, não há como negar que todos nós que assistimos o filme precensiamos um espetáculo visual e musical.

O filme:

O mundo inteiro conhece a identidade do, até então, invencível Homem de Ferro: o bilionário Tony Stark (Robert Downey Jr.). Egocêntrico e confiante demais ele acredita estar "Privatizando a paz" através de seu alter ego de ferro.Por outro lado, o governo dos EUA acham que tem o direito de ter a armadura e tentam fazer com que Tony lhes forneça tal tecnologia, em vão. "O mundo está há anos de ter esta tecnologia, talvez 5 ou 10", diz Stark perante o congresso americano em Washington. Poucos dias depois em Monaco, Ivan Vanko, a mente maligna da trama (Mickey Rourke), aparece com um protótipo muito similar ao de Stark criando pânico e desconfiança. As pessoas começam a se perguntar se o Homem de ferro é realmente invencível e se podem confiar sua segurança a ele.

Em meio a este caos, a guerra entre as empresas de armamento de Tony Stark e a do também bilionário, Justim Hammer (Sam Rockwell) só aumenta. Hammer tenta de todas as formas vencer o concorrente, e vê em Ivan Vanko a forma perfeita de aperfeiçoar seus primitivos protótipos da armadura de ferro.

Como eu disse, a trama não é lá grande coisa, o primeiro filme foi bem melhor amarrado e tecnicamente muito bom, mas este segundo teve um algo a mais, um charme. Fomos apresentados a um lado humano de Stark cada vez mais em foco, e a forma como ele lida com a morte, com seus projetos e com o amor são muito bem trabalhados neste filme.

A fita tem um ritmo legal e recheado de diálogos rápidos, mas apesar disso falta um pouco de ação, um pouco de heroísmo e, me atrevo a dizer,  falta de tato dos produtores / diretor / roteirista.

 Apesar da infantilidade de algumas cenas e o tédio de alguns diálogos, acaba entretendo, que é, no fim das contas, o grande intuito do cinema, ou não?

*****


Vamos comentar um pouco as atuações...

Robert Downey Jr. foi, mais uma vez, a alma do filme. Tudo bem, ele é o astro principal, o Homem de Ferro, mas a atuação dele foi muito boa. Acima da média de muitos filmes de super-heróis por aí. E o estilão egocêntrico meio nem aí para os outros lhe caiu como uma luva, estranho, não? Ele conseguiu fazer de Tony Stark um personagem a se admirar e se gostar. Não consegui prestar atenção em mais ninguém quando ele estava em cena, impecável a atuação do rapaz.

Scarlet Johansson... Ahhh... a mulher mais linda do cinema atual, cantora, intelectual e uma ótima atriz. Infelizmente teve um papel pífio, que serviu apenas para apresentar a Viuva Negra ao público e dar um gostinho do que está por vir... mas tenho certeza que em futuros filmes ela terá muito mais espaço. Só a cena de luta que ela protagonizou no fim do filme já valeu parte do ingresso hein, quando ela arrebenta uns, seilá, 20 capangas da Hammer Industries. Mas apesar dos pesares foi muito bem e não há o que reclamar de sua atuação, não fosse quem fosse, seria apenas mais uma.

Gwyneth Paltrow mais uma vez protagonizou a irritante Pepper Potts. O seu nome já irrita, seu personagem é fraco e pouco importante para a trama, sendo útil apenas para trazer um certo romance a vida de Stark, mas fora isso, nada além de desnecessário. E o problema não é a pobre Gwyneth (claro que todos entenderão o sentido de pobre aqui, certo?), mas sim sua personagem, longe de eu estar dizendo que ela atuou mal, pelo contrário, fez o que pode com "aquilo" que lhe deram. Diálogos idiotas e cansativos perseguiam a moça, cenas desconfortáveis e nada úteis para o ritmo da trama, a aparição da moça era o momento perfeito para se ir ao banheiro ou pegar o refil daquela pipoca. Infelizmente, porque A Gwyneth Paltrow merece muito mais que isso, e já mostrou que tem muito mais a oferecer.

Mickey Rourke protagonizou Ivan Vanko, um russo bad boy que busca na destruição de Stark um jeito de consertar um passado negro para sua família e criar um novo mundo, através da física e tecnologia. Este sim é um personagem cheio de clichês: todas as tatuagens, o palito de dentes no canto da boca e o jeitão de mal de Ivan. Se só sua presença já seria um algo a mais a ótima atuação, ligada a outros fatores, fez o filme se estabelecer em um patamar que fica impossível dizer que foram apenas duas horas de entretenimento que logo esqueceremos.

E para finalizar sobre atuações, e com chave de ouro temos Samuel L. Jackson. Apareceu em poucas cenas, mas quando apareceu, apareceu mesmo. Personagem interessante na trama, que é o ponto de ligação de todas as histórias futuras da Marvel, lembrou os velhos tempos de Samuel L. Jackson, velhos tempos nem tão distantes. Eu não consigo pensar em um Nicky Fury melhor. Se a ótima Gwyneth teve o fardo de carregar a Srta. Pepper Potts e suas diálogos cansativos, temos o outro lado onde com carisma e bons textos Samuel nos presenteou com momentos únicos.

****

Poucos cenas de ação, mas muito boas. Uma trilha sonora espetacular e um Robert Downey Jr. no auge da forma são os principais ingredientes desta fita que chega trazendo uma nova proposta da Marvel, a fusão de suas histórias. Percebemos isso quando vemos o escudo da capitão américa no meio do filme, usado como um apoio de metal, ou na cena pós créditos, não deixem de conferir esta cena. E que venha "Os Vingadores".

Até mais.