terça-feira, 25 de maio de 2010
Diretor: Dennis Gansel
Roteiro: Dennis Gansel e Todd Strasser
Este filme é certamente uma das melhores escolhas que eu fiz nos últimos tempos, e se eu posso recomendar um filme para qualquer dia de vossa semana, para qualquer hora e para qualquer ocasião, aqui está, "A Onda".
É possível uma nova autocracia surgir nos tempos de hoje, onde todos são tão superiores e pouco se interessam pelo ativismo político? Está é a questão chave que o professor Rainer Wegner quer debater com seus alunos na aula de Autocracia. Rainer decide criar um regime autoritário na sala, onde ele cria as regras e quem não as segue simplesmente está fora, tudo para mostrar aos seus jovens alunos como funciona na prática o fascismo. O que era para ser apenas um experimento didático se transformou em uma lavagem cerebral nos estudantes que passaram de desleixados estudantes à fascistas anti-anarquistas.
A história é baseada em fatos reais e aconteceu na Califórnia em 1967. O professor de História Ron Jones resolveu criar este experimento, chamado de "A Terceira Onda" para mostrar aos seus alunos que alguns alemães alegaram ignorância perante o Holocausto da Segunda Guerra Mundial.
Voltemos ao filme. Tecnicamente impecável e bem seguro. Com um bom ritmo e roteiro não somos tentados a abandonar o filme e muito menos nos damos ao luxo de piscar. Atuações seguras dos jovens atores, e se não foram atuações épicas, pelo menos foram consistentes.
O filme ganha profundidade com o passar das cenas através das relações que o filme apresenta, seja entre amigos, namorados, professores ou mesmo pais e filhos, chegamos em um ponto do filme onde é imprescindível saber discernir entre aquilo que devemos fazer e quando devemos parar de fazer. E tudo apenas nos prepara para um final trágico, ou talvez nem tanto. Um final que certamente choca e acima de tudo provoca ainda mais reflexões, mantendo o filme em nossas cabeças por algum tempo mesmo depois de seu fim.
O filme:
Somos apresentados sobriamente aos diversos personagens que compõe a película, sem pressa, cada coisa no seu lugar. E quando menos esperamos lá estamos nós assistindo às aulas do Her Wegner. E junto com os personagens participamos da escolha do nome do movimento, vandalizamos as ruas em busca de identidade e o que era para ser uma semana experimental se transforma em uma verdadeira onda, como estabelece o próprio nome do movimento.
Os alunos passam a se vestir igual, a pensar igual e a se relacionar de formas diferentes, excluindo aqueles que não aderem aos seus ideais de uma Alemanha melhor. Transformam a figura Anarquista no inimigo a ser batido, "Força pela Disciplina" diz seu lema. E quando chega a hora de acabar com tudo e voltar a rotina, às aulas de matemática, ciências e alemão, Reiner começa a perceber que algo mudou, ele havia perdido o controle e os alunos começavam a propagar a idéia de unidade entre eles e estavam cada vez mais violentos com os que não eram parte d'A Onda.
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Este filme sutilmente nos leva à uma brilhante análise do fascismo e seu poder de disseminação. Nós sabemos tudo e não cometeremos os mesmos erros do passado? Será? Será que os mesmos erros que estamos cometendo hoje já não foram cometidos? O filme traz milhares de perguntas a tona, e não cabe a ele responder, e sim nos fazer pensar no assunto. A idéia do filme foi trazer história a Alemanha contemporânea e apresentar idéias e mensagens de uma maneira natural, sem forçar a barra em momento algum. Desta forma somos apresentados a temas extremamente fortes de forma simples e sem parecer forçado. Por exemplo, temos nas figuras de duas jovens a imprensa derrotada contra um movimento cada vez mais forte, ou uma outra cena, onde vemos alguns integrantes d'A Onda em um embate com Anarquistas, o que parece ser só mais uma briga de rua idealiza toda uma gama de ideais políticos e cívicos, que ganham simplicidade e suavidade no filme. Até mesmo a idéia de um símbolo para representar um surgimento de uma nova idéia e um novo ideal é referência na fita.
Será mesmo que em uma época onde estamos cada vez mais individualistas, apesar de nos acharmos unidos acerca de culturas, religiões e liberdades expressivas, estamos cavando uma cova para nós mesmos? Será mesmo que bastaria uma pessoa carismática o suficiente para que a história então se repetisse novamente?
"A Onda" critica e avisa, nossa juventude pouco se importa com o mundo ao seu redor, mas e se de uma hora para a outra começarem a se importar? Em um mundo onde a televisão acalma e é fruto do conhecimento massificado, estamos presos em uma jaula, adestrados e sem poder, mas algo está esquecido. Os jovens são cada vez mais influenciáveis (culpa da televisão?) e em busca de algo maior para suas vidas, e se alguém lhes oferecer isso?
Até mais.
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4 Comments:
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mas viz o trab. ontem sem ter assistido.. só enrolei, claro. HAHAHAH
Parabéns pelo post.