segunda-feira, 17 de maio de 2010

Análise - Robin Hood

Direção: Ridley Scott
Roteiro: Brian Helgeland, Ethan Reiff e Cyrus Voris

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Nada demais.

Pronto. Para que esperar até o fim do post para dizer o que achei do filme?


Robin Hood vêm sido tema de filmes, músicas e muitos outros tipos de manifestaçõe artísticas há muito tempo. Camuflado em verde, Robin é um arqueiro exemplar que rouba dos ricos e dá aos pobres, fazendo sua lenda famosa ao redor do mundo pelo seu lado heróico e algumas vezes zombeteiro, visto o modo com que tratava os membros da realeza. Nas mãos de Scott e Crowe o "jovem" Robin, com o perdão das haspas, passa longe de tudo que estamos acostumados a ver e ouvir do arqueiro. Com um roteiro arrastado e cenas cansativas somos imersos em um mundo que, pelo menos a mim, não interessa e não prende. Cheio de tudo aquilo que estamos acostumados a ver em filmes épicos a fita pouco inova e ainda por cima transforma uma história rica, divertida e sempre emocionante em nada além de um filme histórico, bem feito, caríssimo, e infelizmente chato e cansativo.

A história:

Robin Longstride (Russel Crowe) é um arqueiro a serviço da Inglaterra nas Cruzadas. Logo no começo da fita somos brindados com cenas de batalhas épicas, nada de inovador, bonitas fotografias, boa iluminação, tudo que um bom diretor faria com muito dinheiro. Mas até aí tudo bem, certamente não é em meio a uma batalha no começo do filme que queremos ver a que veio o filme, mais um pouco e certamente o filme iria nos presentear com doce surpresa, foi o que pensei. Ah sim, boas cenas ainda surgiriam, bons diálogos, uma trama que iria aos poucos nos prender se revelaria e o filme então faria jus a toda badalação. Doce ilusão. 

A Inglaterra da época é regida pelo Rei Ricardo Coração de Leão (Danny Huston), que gasta todo o dinheiro do povo em sua Cruzada enquanto a miséria assola seu nobre país. Durante uma invasão o rei é morto e a coroa passa para seu irmão mais novo, o inconsequente e jovem João, que pouco liga para o povo desde que sua barriga esteja cheia e sua cama ocupada.


Robin e alguns companheiros, após a morte de Ricardo, fogem rumo à novas vidas longe de tudo aquilo que eles tem visto nos últimos dez anos. No caminho de volta a Inglaterra eles descobrem uma emboscada para matar Ricardo, já morto. Emboscada esta preparada pelo maior inimigo inglês, a França, que tem ao seu favor um traidor da Inglaterra e melhor amigo do agora rei João, Godfrey, protagonizado por Mark Strong.

Uma promessa levará Robin ao condado de Nothingham onde ele conhecerá a Lady Marion Oxley (Cate Blanchett) e o Sir Walter Loxley (Max von Sydow), estas duas figuras importantes para o futuro de Robin e para o entendimento de seu passado trágico e esquecido.

Uma série de acontecimentos nos levarão enfim ao final pouco surpreendente e ainda menos emocionante, onde Robin, agora Hood, enfrentará o exércio francês pelo país que o rejeitará e fará dele um fora da lei.

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Se você não conseguiu conciliar bem Robin Hood com a história acima, tudo bem, poucos conseguirão, e é este o ponto principal do filme de Ridley Scott, ser diferente de tudo já feito e imprimir toques de veracidade a história do mais querido arqueiro de todos os tempos. Mas eu me pergunto, como é possível passar esta tal verdade, uma vez que nem sequer há provas da existência de Robin Hood?

Mas enfim... O problema do roteiro não é tentar ser diferente, é tentar ser verdadeiro em um território onde a verdade inexiste, mas uma vez que a proposta era passar confiança a história e fazer-nos entender todo o contexto histórico da época que levariam Robin Longstride a tornar-se Robin Hood, o minimo era fazer isso com um roteiro bem construído e convincentemente, o que infelizmente não acontece.

O roteiro é recheado de coincidências que chegam, em um certo ponto, a irritar. Não vou citar uma a uma aqui para não estragar a surpresa do filme aqueles que ainda não assistiram, mas não e difícil pereceber as coincidências, que no fim levarão Robin ao único homem capaz de explicar e esclarecer o seu passado, que fará dele um novo homem, um homem que ao lado de seus fiéis amigos comandará milhares frente ao exército fracês, um simples arqueiro empunhando uma espada e martelo como um verdadeiro cavaleiro, este simples arqueiro que do nada é um exímio líder, e o pior de tudo, lutará ao lado de Blachett, que de dona de casa passa a usar uma armadura e lutar ao lado da Inglaterra.

Mas esquencendo as falhas no roteiro, "Robin Hood" ainda assim não é, ao meu ver, um bom filme, e isso porque ele não é nada além de uma mistura do melhor de "Cruzadas" com o charme, neste filme pouco convincente, do general Maximus de "Gladiador". O diretor de fotografia dos três filmes é o mesmo (John Mathieson), não que ele seja ruim, ele apenas não inovou em nada do que já tinha sido feito anteriormente, o que apenas ressaltou a pouca diferença entre os filmes.

E o que poderia, e deveria, salvar o filme, seriam as atuações, que infelizmente com pouca energia e sem sucesso foram apenas mais um erro do filme, pobre em toda sua essência. Russel Crowe não chegou nem perto da sua aclamada atuação em "Gladiador", apesar das tentativas constantes do roteiro de fazê-lo. Não convenceu no papel de Robin Hood e suas expressões remetem mais há um sábio senhor que tem o papel coadjuvante de guiar um herói ao triunfo, e nem de longe nos convence em ser o herói da história. Com falas manjadas e a obscenidade que foi este roteiro, sinto dizer que é apenas um filme que Crowe deveria esquecer e fingir que nunca existiu, porque este, certamente foi sua pior atuação que eu assisti, talvez um retrato de que nem o próprio, um dos produtores do filme, não acreditava no sucesso da trama?

E a pobre Cate Blanchett? Provavelmente sua razão foi obscurecidade pelo grandioso projeto e seu entendimento e discernimento foram afetados por alguma força maligna que a levaram a aceitar este papel medíocre, e como dito anteriormente muito mal trabalhado. Teve uma atuação convincente dentro do esperado, linda como sempre, fez o que o roteiro pedia, e foi este seu erro. Devia ter ter pulado fora quando teve a oportunidade, porque deveria ser óbvio para uma atriz de seu porte que a personagem a quem ela estava dando vida seria um fracasso, além de um prato cheio para críticas.

Talvez a única salvação dentre as atuações tenha sido o Sir Walter Loxley (Max von Sydow), que apesar da idade foi magnificamente bem no papel de mentor de Robin e peça fundamental do roteiro para a transição do arqueiro veterano das cruzadas para aquele Robin Hood que conhecemos, que tira dos ricos para entregar aos pobres.

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Erros marcaram a produção deste filme e mostraram que nem todo o dinheiro possível pode consertar más idéias e egos inflados como o de Ridley Scott, que conseguiu graças ao seu amor pela história e a vontade de ser o melhor e o mais diferente, estragar uma história que nas mãos de outras pessoas renderia um grande filme. Mas há esperança no fim do túnel. O filme mostra a origem de Robin Hood e a ascensão do Rei João ao poder, logo em uma possível continuação poderemos ser finalmente presenteados com o filme que todos queremos, desde que os erros (óbvios) deste filme sejam consertados e todo o idealismo e pesquisa histórica dêem lugar ao imaginário, para então sairmos do cinema no fim da sessão de "Robin Hood 2" e pensarmos, "Agora sim eu vi o um filme sobre Robin Hood", porque se as pessoas quisessem aulas de história, certamente não iriam assistir a um filme sobre Robin Hood, elas assistiriam ao History Channel.

Ps: Nada contra contar fatos históricos através de filmes, porque muitos dos melhores filmes são baseados na nossa nem tão breve história, como "Cruzadas" e o próprio "Gladiador", mas atrelar fatos históricos a ficção deve ser feito de forma cuidadosa e acima de tudo, quando pertinente.

Até mais.

2 Comments:

  1. Unknown said...
    Sou fã de filmes épicos, ainda não assiti Robin, pretendo ir, ou talvez alugar em DVD a concorrência de bons filmes no cinema está grande essa semana.

    Gostei do post.

    Abs!
    Anônimo said...
    A pessoa que fez toda essa análise do filme Hobin Hood, de Ridley Scott, escreveu asneira. Um discurso que revela um bom conhecimento das produções anteriores, mas revela ausência de grande fundamentação teórica acerca do cinema e dos filme épicos. Cabe aqui apenas uma colocação minha para você largar de ser idiota e precisar melhor seu discurso primário sobre cinema épico: Hoje, o cinema de ficção se funde ao cinema história, épico, precisando informações que tentam verossímeis ao contexto colocado. E porque logo o filme acerca de Hobin Hood não é pertinente a importância histórica, porque não se pode provar que foi real? então os filme acerca de Shakspeare também não deveriam usar roteiros contextualizados. Se toca meu velho, vai aprender sobre cinema e depois aprender a fazer crítica.

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