quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Análise - Os Infiltrados

Como já comentei por aqui, amanhã, dia 11, a nova parceria entre Martin Scorsese e Leonardo DiCaprio será lançada no Festival de Berlim, apesar de não competir no festival.

E no ritmo pré-estréia vou comentar sobre o filme, que na minha humilde opinião, foi o ápice da parceria entre eles: "The departed", ou como o título do post desvenda, "Os Infiltrados".



Antes de falar da trama do filme em si, vamos apresentar os 3 personagens principais da fita.

Billy Costigan (Leonardo DiCaprio) é só mais um policial, até ser incubido da missão de se infiltrar em uma organização mafiosa, chefiada por Frank Costello (Jack Nicholson), e ganhar confiança deles para conseguir o máximo de provas possíveis para prendê-los. Instável, cabeça quente, paranóico e um tanto quanto desajeitado, além de um sedutor descontrolado, mas isso é praticamente um pré-requisito nos papéis do jovem ator. Mais uma atuação boa deste ator, que é algumas vezes criticado, com razão às vezes, mas que tem um bom potencial de crescimento, só precisa escolher melhor os papéis que faz, mas nisso nosso amigo Scorsese já está dando um jeito, né? Porque, cá entre nós, fazer "A Ilha" é quase um suícidio profissional.

Frank Costello é o líder de uma organização criminosa, tudo o que é contrário a lei eles fazem. Ele é um cara durão e inteligente, consegue como ninguém analisar uma pessoa, até conhecer Billy Costigan, um garoto, que como o próprio disse, "cheirava a problemas". Com uma atuação (mais uma) genial foi o ponto alto do filme, transpondo barreiras que certamente outra pessoa não conseguiria, fazendo do gangstêr Frank Costello alguém tão carismático e cruel que era difícil não sentir um frio na barriga a cada discurso deste personagem.

Ao mesmo tempo que Billy conquista a confiança da máfia e de Frank, Collin Sullivan (Matt Damon) está infiltrado na policial, passando cada detalhe do que acontece por lá à máfia. Frank é como um pai para ele, e ele é como um filho para Frank. Até que as relações começam a ficar estremecidas e nós começam a desatar. A máfia sabe que há alguém infiltrado entre eles, a policia sabe que alguém está passando informações a máfia, e no meio do fogo cruzado temos os dois "ratos": Billy Costigan e Collin Sullivan, e este último teve uma atuação louvável, digna da trilogia "Bourne", o que não é pouco. Collin é um rapaz estremamente inteligente, subiu na policial com seus próprios méritos, mas por um motivo, ajudar Frank e a máfia. Mas a vida de policial respeitado e o amor começam a fazê-lo repensar toda sua vida e os motivos pelos quais faz as coisas que faz.

*****

Falando do filme...

Cada cena esbanja talento. Seja talento dos atores, do diretor ou de quem quer que seja, a questão é: o filme é muito bom.
Rápido e dinâmico, diria que às vezes frenético. Tudo acontece muito rápido. E nada acontece por acaso.
Um policial infiltrado na máfia, um mafioso infiltrado na policia e o chefão da máfia fazendo todos de bobo. É delicioso assistir este filme, saboroso imaginar aonde tudo aquilo está nos levando, quem vai ganhar? O bem ou o mal? Se é que há, neste filme, diferenciação entre bem e mal. Diálogos rápidos e objetivos, tentando poupar meias palavras, trazendo o filme mais e mais para o final sádico.

Sem meias palavras, assita se não assistiu, e reveja se já o fez.


Em 2007 não teve para ninguém...

Teatro Kodak, Hollywood.
25 de fevereiro de 2005. Tudo indicava que Scorsese e seu filme mais recente poderiam brilhar naquela noite, e eles brilharam.

5 indicações ao Oscar daquele ano. Não foi o filme com mais indicações, no caso "Dreamgirls" com 8. Mas foi o filme campeão da noite.

Havia um ingrediente à mais na noite daquela premiação, a 79th Academy Awards. A disputa ferrenha entre "Cartas de Ywo Jima" e "Os Infiltrados". Ambos os filmes ótimos, ambos os diretores ótimos e apenas uma estatueta. Que filme iria ganhar e quem seria o melhor diretor daquele ano era uma incógnita. E foi até o fim daquela noite.

Indicações de "Os Infiltrados":

Melhor Filme
Melhor Direção
Melhor ator coadjuvante (Mark Wahlberg)
Melhor roteiro adaptado (William Manahan)
Melhor edição

E a noite acabou com 4 estatuetas para o filme, com exceção de melhor ator coadjuvante, ele levou todas as categorias que participou.

Apesar da "batalha" travada nos bastidores entre Scorsese e Clint Estwood, a estatueta de melhor diretor acabou, com méritos, nas mãos de "Os Infiltrados". Apesar de "Cartas de Ywo Jima" ser um belo filme, muito bem dirigido.


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Berlim.
11 de fevereiro de 2010.

E amanhã tem ínicio o festival que hospeda a debut de "Shutter Island", o resultado da nova parceria entre Scorsese e DiCaprio.

"Já havíamos explorado alguns limites juntos, em 'Gangues de Nova York' e 'O aviador', mas em 'Os Infiltrados' nos demos conta de que podíamos ir mais longe. Depois disso sabíamos que queriamos voltar a trabalhar juntos e ultrapassar os limites" - Martin Scorsese se referindo à ele e DiCaprio.

E é com a premissa acima e uma enorme expectativa que o filme "Shutter Island" tem seu lugar no Festival de Berlim. Será que a dupla ultrapassou os limites? Em breve saberemos.

Por agora é isso. Até mais.

1 Comment:

  1. Thata Souza said...
    Booom... estava procurando um filme pra hj a noite e já encontrei rs.
    Ouvi falar desse filme, mas acho que nunca tive a oportunidade de assisti-lo. Vou fazer isso hoje =D
    Depois eu passo aqui e digo o que achei.
    Com tantos prêmios acho que a minha critica não sera muito diferente dessas... rs

    Bjinhos

    Thata Souza

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