sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

E mais um filme baseado num best-seller infanto-juvenil chegou aos cinemas nesta sexta-feira. "Percy Jackson e os Olimpianos: O ladrão de raios". Uma aposta certeira para bilheteria e uma boa forma de se passar o fim de semana.

Antes de dar minha opinião sobre o filme, falemos da história.



Percy Jackson (Logan Lerman) é um garoto disléxico e com déficit de atenção, não consegue prestar atenção às aulas, não é o mais popular dos garotos e é amigo de um bode, quer dizer, meio-bode, mas isto ele ainda está para descobrir.
Durante uma visita ao museu uma de suas professoras, a doce Srta. Dodds o ataca, ela é uma Fúria, e está furiosa, ela quer que o garoto devolva o raio mestre de Zeus, sua arma suprema, mas o que diabos é este raio? Percy não faz idéia. E é aí que o garoto começa a descobrir o que acontece ao seu redor, o que era um déficit de atenção se torna a plausível explicação de que o cérebro do garoto não funciona direito com inglês, porque está ajustado para o grego antigo. Sério?

Logo na sequência seguinte a mãe de Percy morre, na verdade é sequestrada, como descobriremos, e o garoto com a ajuda de Grover (Seu protetor, um sátiro, ou menino bode, se preferir) chega ao acampamento meio-sangue, um acampamento para filhos de Deuses.

Percy descobre que é filho de Poseidon, o deus dos mares, e lá começa seu treinamento para se tornar um herói. E começa a temer por sua vida. Zeus desconfia de que foi ele quem roubou seu raio mestre, e dá um prazo ao garoto: Se até o solstício de verão o raio não for devolvido haverá guerra. O plano? Convencer Zeus da inocência de Percy e torcer para ele acreditar. Sútil, não?
Mas uma inesperada visita de seu tio, Hades, o faz deixar o acampamento ao lado de Annabeth (Alexandra Daddario) e Grover (Brandon T. Jackson), rumo ao mundo inferior para salvar sua mãe das garras do Deus do submundo.

E é aí que a aventura começa, diversos personagens da mitologia grega despencando do céu, surgindo dos mais estranhos lugares, e no meio disso, Percy, Annabeth e Grover marchando rumo à morada dos mortos.

*****

Minha opinião!

Saí decepcionado do cinema, apesar de ter achado o filme agradável. Digamos que esta foi a maior decepção cinematográfica da qual não me arrependo de ter visto.

Rick Riordan escreveu uma obra boa e coerente, extremamente coesa e bem feita. E a pressa para colocá-la nos cinemas a estragou.

Muitos bons atores em cenas extremamente irrelevantes. Um desperdício. Um roteiro mau feito. Tenho minhas dúvidas se Chris Columbus (Diretor e roteirista) e Craig Titley (Roteirista) sequer se deram ao trabalho de ler o livro.

Um dos momentos mais legais do livro é quando Percy descobre que é filho de Poseidon, jogado na água, após sair vitorioso de seu primeiro grande combate, a marca do pai pousada pomposamente sobre sua cabeça, a surpresa de todos, a surpresa do garoto e um novo horizonte se abrindo na história, uma descoberta que foi diversas vezes sugerida com pistas sutis. Esta sim, era uma cena que eu esperava ver. E a tão esperada cena inexistiu. Tal informação nos é atirada como um pedaço de carne à um cachorro faminto, que não liga aonde e como o é feito.

E será que nenhuma das pessoas que participou do filme sabia das profecias? Aparentemente não, e se sabiam não acharam que elas fossem um fator importante ao filme. Pobre Oráculo. E pobre Rick Riordan, deve estar em depressão agora.

E sobre os Deuses. Mansos como gatinhos assustados. A fúria de Zeus, aonde estava? E desde quando Poseidon é um amável papai que ama o filhinho e quase chora quando o vê? E a Athena? Só faltou beijar a Annabeth quando a viu. Meus Deuses!

Ah, e alguém consegue me explicar como é possível que Ares nem tenha seu nome citado na trama? Um dos principais vilões do filme. E sua filha, Clarisse, um tormento para Percy desde seu primeiro dia no acampamento? Esquecida como o pai.

Falando em Deuses que nem foram citados e tormentos a Percy, uma simples pergunta, Dionisio estava dormindo o tempo todo do filme? Ou fui eu que dormi quando ele apareceu?

E assim, Chris, você sabe quem é Cronos?

O filme começou bem, com uma boa conversa entre Zeus (Sean Bean) e Poseidon (Kevin McKidd), mas ai começaram cenas e mais cenas de material, às vezes, irrelevante a história, atravessadas em um roteiro pouco trabalhado, com um elenco cheio de estrelas que nada puderam fazer para salvar o filme da mediocridade. Uma Thurman no papel de medusa, Catherine Keener como a sofredora mãe de Percy, mas acho que ela estava sofrendo mais por ter aceitado o trabalho, viu? E o ótimo Steve Coogan (Hades) protagonizando uma, UMA, apenas uma, notável cena ao lado Rosario Dawnson, a Persépolis do filme. E como não citar o pálido Pierce Brosnan se aventurando de Quíron? Pelo menos este último teve uma ou duas falas relevantes.

Eu sei que é difícil adaptar um livro para o cinema. Ainda mais um livro tão bom e trabalhado como o Ladrão de raios, mas o bom senso às vezes seria bom as grandes produtoras que só querem ganhar dinheiro em cima de fãs como eu e você.

Você pode gostar do filme, eu gostei, mas achei uma grande falta de respeito com todos os fãs da série literária, que esperaram tanto e receberam tão pouco. Efeitos especiais legais, bem feitos e chamativos em algumas ocasiões, como um Hades gigante surgindo em meio às chamas de uma fogueira. O visual do filme é bonito. Boa fotografia, um bom filme. Para aqueles que nem conhecem os livros um prato cheio. Mas outros, como eu, vão pensar que isso não foi nada além da obrigação.

Enfim, antes que eu acabe deletando todo o post, e desista de pensar no filme novamente, vamos citar alguns bons pontos dele: Apesar de tudo, o filme é agradável. Você nem percebe o tempo passando enquanto o vê, apesar de muitas cenas se atropelando, há cenas legais de se assistir, e o Grover, vivido por Brandon T. Jackson, salvou a fita em alguns momentos monótonos com piadinhas e caras, mostrando um belo lado cômico do rapaz.

Chris Columbus estragou os dois primeiros "Harry Potter", na minha opinião, e não fez menos com Percy Jackson. Talvez não por vontade própria, talvez por pressão de figurões, o caso é que, começo a perceber um padrão nos filmes desse cara, e apesar sua ótima direção da franquia  "Esqueceram de mim", o 1 e o 2, preciso te dizer Chris, estou de olho em você. E espero que a continuação do filme seja melhor produzida, e o próximo roteirista, tomara que tenha outro, leia os livros.

É isso. Até mais.

2 Comments:

  1. Pod papo - Pod música said...
    Pelo que você escreveu a pessoa que escreveu o roteiro fez uma verdadeira bagunça no que diz respeito aos deuses, rsrs..também espero que o próximo seja melhor, tenha outro roteirista, alguém que no m´nimo tenha lido o livro, rs

    Beijos
    Peter said...
    Realmente o filme não foi nada fiel ao livro.

    Confesso que assisti ao filme antes de ler o livro, e tive uma boa primeira impressão. No entanto, quando o li, passei a ODIAR o filme. Uma falta de respeito alguém distorcer tanto assim uma história que por si só já seria sucesso nas bilheterias

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